Conheci o poeta Zeto, José Antônio do Nascimento, já em São José do Egito, sua terra em adoção mútua, casado com Bia Marinho, genro do Rei dos trocadilhos, Louro do Pajeú e se impregnando de poesia e viola. Além de grande intérprete, tinha seu peculiar jeito de cantar obras alheias, era um genial poeta e melodista. Tocava, cantava e compunha com uma singularidade impressionante. Quem, como eu, teve a oportunidade de presenciar sua presença de espírito, sabe bem que não exagero quando anuncio que Zeto era além de seu tempo, uma dessas pessoas que nascem décadas e até séculos, antes do tempo do seu entendimento. Seu CD Curvas, hoje esgotado, mas com planos de uma nova leva, é um registro indiscutível de sua genialidade. Gravado em apenas 04h de estúdio, sem intervalos, não deixa a desejar a nenhum trabalho mais elaborado. Nele Zeto conversa, afina o violão, declama seus, e de outros, poemas e canta suas belíssimas canções, de uma riqueza melódica impar. O verso que segue abaixo é um registro de sua verve poética, mas também de sua musicalidade. Espero, em breve, que todos possam ouvi-lo.
Tempo
És o deus do nascimento
Estás presente na morte
Vives a mudar a sorte
As horas são teu alento
Sendo irmão do andamento
Te espalhas por todo canto
Alguém tece o teu manto
Depois tu mesmo o desgastas
Te mostrando em teias vastas
Tu és o tempo esse encanto.
Zeto
3 comentários:
1 poema pro tempo
Eu sou um poeta tempo, só.
Mas não sou um poeta só.
Nem sou só um poeta.
Nem sou só um tempo, poeta.
Sou eterno contradizer-me !
E tu, quem te faz companhia?
E quando formos embora...
Ficarás, ou não, à revelia?
És eterno?
Sois é só um tempo em um tempo só.
Não és a mistura azeda de sacrifícios...
Instantâneos mortais como nós,
Como eu, poeta.
Pedro Torres
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