Hoje, dia 21 de agosto, completam sete anos do fim do passeio
do meu velho pai pelo plano terreno. Não é uma data redonda, nem do
encantamento nem da idade, que seria de 82 anos no próximo dia 13 de outubro,
mas quem precisa, seja lá do que for, pra lembrar e exaltar, uma ausência tão
presente.
Sinto sua falta sempre e em momentos específicos chego a
senti-lo, sem o atrito inerente a matéria, claro. Lição que ele mesmo me
ensinou.
Elimino a ofensa do atrito
Atravanco os portões da ventania
Faço a caixa do mar ficar vazia
Boto um teto no vão do infinito
Desintegro as pirâmides do Egito
Compro o ouro que tem no Vaticano
Recupero o desastre Iraquiano
Boto um cabo na concha do espaço
Atravesso o Atlântico pelo braço
Nos dez pés de martelo alagoano.
Quando conheci/decorei esse martelo, com seus versos de grandeza
e de feitos impossíveis, tema comum entre os poetas, não percebi a força do
verso “Elimino a ofensa do atrito” , que no caso, seria eliminado apenas o que feri
e machuca, pois em tudo existe atrito. No afago, no beijo, até mesmo num leve
sussurro.
Esses versos servem para demonstrar um pouco do gênio que
foi o Mestre Manoel Filó. Homem simples, com pouca formação convencional –
aprendeu a ler e escrever – mas de uma sensibilidade e percepção das coisas da
vida, da natureza e do seu universo sertanejo principalmente, que saltavam aos
olhos pela sua elegância, aos ouvidos pela fala ponderada e firme, e a todos os
sentidos pela sua nobreza de conduta e majestade de seus poemas.
Sete anos!
Uma saudade, não finda
Um amor que nunca cessa
Uma vontade, sem pressa
De um dia encontrá-lo ainda
Uma dor que já não brinda
Quando ardia o coração
Um sentir de cada irmão
Minha mãe, fé e verdade
Sete versos de saudade
Pra ganhar sua benção.
Depois nois bole nisso...
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