segunda-feira, 5 de março de 2007

Dois gênios

Numa amizade, que surgiu ainda na infância, os poetas, Manoel Filó e Zé de Cazuza, edificaram uma relação de respeito, confiança e poesia sobrando. Criaram, juntos ou separadamente, grandes obras da poética sertaneja universal. Durante muitos anos, foram amigos inseparáveis. Viajaram muito pelo sertão afora, atrás de cantorias, de novos poetas e com isso, alargando também, seu rol de amizades. Durante uma dessas viagens, vinham com destino ao Recife, e para passar o tempo na viagem, cantavam de improviso, de onde saíram estes dois, de tantos, belos versos no tema Depois da morte do dia.
Vale dizer, que os versos, de ambos, foram decorados por Zé de Cazuza, conhecido também, como O gravador humano, por conta da facilidade que tem em arquivar no juízo aquilo que lhe desperta o interesse.

Zé de Cazuza

Nesta hora o peregrino
Muda a marcha do andar
Baixa um profundo pesar
Na alma do assassino
Na igreja um velho sino
Saúda a Virgem Maria
Uma mãe na moradia
Beija uma filha que preza
Num casebre um velho reza
Depois da morte do dia

Manoel Filó

Numa cerca de aveloz
Depois do sol amparado
O vaga-lume assustado
Fica testando os faróis
Os pescadores de anzóis
Embocam na água fria
Ficam naquela agonia
Se uma piaba belisca
Termina roubando a isca
Depois da morte do dia

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