quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Sobre o livro de Cancão [Ésio Rafael]

A LUA O SOL DOS MENDIGOS...
(Cancão)

Não existe governo no mundo melhor que chuva. Pra sertanejo, Não!
Na medida em que, não existe um Deus da poesia maior que Cancão. Pra sertanejo, sim! Cancão nasceu em São José do Egito, e como não poderia deixar de ser, sob a proteção dos Deuses, e do rio feiticeiro. O Brasil precisava de um material da magnitude de: - PALAVRAS AO PLENILÚNIO, para conhecer uma das personalidades poéticas digna de estudos profundos, em todas as instâncias. Por Cancão ter sido um homem do campo, “pouco letrado”, autodidata, inicialmente cantador de viola, mas vendo que não dava pro serviço, foi escrever poesia.
Sublimado por unanimidade em toda a região onde nasceu, principalmente por quem teve o privilégio de participar da sua convivência. Na década de setenta, chegamos à sua casa, eu, Celis, Marcos Nigro e Branquinho, filho de Lourival Batista. Era um Sábado sertanejo, dia de feira. Dez horas da manhã, ele literalmente embriagado, patinando pela parede do “corredor”, que dava para a cozinha, em pranto insustentável, assim dizendo: - Eu quero a minha mãe. É que, a mãe do poeta havia morrido há menos de setenta e duas horas. Ele, um ancião, mas, tratava-se de ninguém mais que Cancão, se comportando feito uma criança.
O momento mais emocionante estava por vir. Foi quando, Amélia, sua terceira mulher, retirou do quarto do casal, uma caixa de sapatos repleta de poemas em pedaços de papel, até de “embrulho”, contendo poemas do mestre, adepto de “Nossa Senhora”.
Há quem diga que o poeta Rogaciano Leite havia declinado da missão de prefaciar um livro de Cancão por se achar inábil. Alguns pesquisadores que vagueiam nos umbrais das Academias e do misticismo, procuraram uma justificativa para explicar o poderoso poder de percepção poética de Cancão, afirmando que muitos dos seus poemas eram psicografados. Insinuavam que o poeta não tinha formação literária para, por exemplo, evocar a mitologia grega:


ÉS DAS REGIÕES POLARES
A MAIS DELICADA PLANTA

VIVES IGUAL UMA SANTA

ENTRE AS TOALHAS LUNARES

OS GÊNIOS DOS LONGOS MARES

DÃO-TE ATRAÇÃO SOBERANA

ÉS A MAIS GENTIL LIANA

EM FORMA DE CRIATURA

NASCESTE DE NINFA PURA

DA MARESIA INDIANA


O livro: - PALAVRAS AO PLENILÚNIO, organizado pelo poeta Lindoaldo Vieira, é de extrema necessidade, importância, oportuno, competente, arrojado, completo. Um presente para a literatura, e para o Brasil poético.
Tá na mão do leitor, com o apoio da Universidade da Paraíba e a gratidão dos pernambucanos.










Èsio Rafael.
Areias/Dezembro/07

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