O poeta Vinícius Gregório [na foto], é mais um da safra de novos poetas de São José do Egito, onde mais de uma dúzia de jovens poetas já se mobilizam em recitais autorais pela cidade. São, na grande maioria, jovens que variam de 12 a 26 anos, vivendo seu tempo, antenados com a globalização, com os avanços tecnológicos, mas sem perder a identidade com seu chão, suas raízes. São, na maioria, glosadores, que improvisam sextilhas, décimas, com ou sem mote, e assim perpetuam a arte de seus ancestrais. Vinícius é estudante em Recife, ambiente onde jovens sedentos por conhecimento, se adaptam logo de cara. Mas o apego a sua terra, quando esta é o sertão, se traduz na forma de poesia, como meio de aplacar a saudade das coisas simples e telúricas de seu rincão. Sua gente, seus costumes, seus cheiros e cores, tudo vira mote. Este soneto do poeta Vinícius Gregório, é um quadro perfeito disso.
Eu e o Galo-de-Campina.
Triste sina de um Galo-de-Campina
Que era alegre bem antes da prisão,
Mas foi preso nas grades do alçapão
E hoje chora no canto a triste sina.
Eu também tive a sina repentina,
Pois um dia fui livre e hoje não.
Na tristeza, esse Galo é meu irmão:
Minha sina da dele é copia fina.
Hoje a casa do Galo é a gaiola.
Notas tristes no canto é que ele sola.
A saudade do Galo - a vastidão.
O meu canto é um canto de lamento.
A gaiola é o meu apartamento.
E a saudade que eu sinto é do sertão.
Vinícius Gregório
*O poeta estará lançando seu primeiro livro no próximo dia 11 de Julho, em São Jose do Egito. Em breve teremos relançamento em Recife e outras cidades.
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