terça-feira, 13 de maio de 2008

Mestres da poesia

O poeta e professor Aleixo Leite Filho e o poeta repentista Diniz Vitorino com Cancão num registro do apologista Urbano Lima

Eu, cada vez que folheio o livro Palavras ao Plenilúnio do poeta Cancão, impressionado fico. Não só pelo rigor na rima, na métrica e na oração, mas também por ser Cancão a figura impar que é. Vejamos o que escreveu sobre ele o pesquisador, escritor e folclorista Francisco Coutinho Filho, no seu livro Violas e Repentes, de 1953, Cap. XII, pp 65/69.

João Batista de Siqueira, conhecido pela alcunha de Cancão, é um agricultor pobre, de mãos calosas, acentuadamente introspectivo, vive preso a tristeza indissimulável de um desgosto íntimo. Ajusta-se aos derivativos de uma existência calma e conformada, no árduo trabalho da roça e no doce cultivo da poesia. É um lírico de remígios impressionantes(...) Vive na reclusão voluntária do seu tiquinho de terra no sitio Queimadas, do município pernambucano de São Jose do Egito. Nasceu lá, no dia 12 de maio de 1912. Deixou de cantar em 1950. Freqüenta a cidade, sede do município, algumas vezes, nos dias de feira, aos sábados(...)

Em 1953, era essa a imagem de Cancão, assim como foi até o "fim da vida" em 1982, de uma simplicidade sem antecedentes. Geraldo Amâncio, grande poeta repentista, numa tarde de 06 de janeiro do ano que não me lembro, com certeza inicio da década de 1980, observava Cancão que cochilava numa cadeira enquanto Pinto do Monteiro cantava com o aniversariante do dia, Lourival Batista, em sua casa em São Zé – casa de Louro. Geraldo, logo após, indo cantar com Louro, nos primeiros acordes da viola, Cancão desperta, ao que Geraldo emenda;

Cancão as vezes parece
Não saber quem canta bem
Pinto cantando ele dorme
Eu vou cantar ele vem
Mas todo gênio e ingênuo
Não sabe o valor que tem.

Lendo e relendo seu livro, uma coletânea lançada recentemente pelo poeta Lindoaldo Junior, numa compilação de seus três livros; Musa Sertaneja, Flores do Pajeú e Meu Lugarejo, alem de poemas inéditos, fico impressionado com a magnitude de seus versos. Do poema Meu Lugarejo, extrai esta belíssima estrofe;

(...)
Esvoaçam preguiçosas
As abelhas pequeninas
Tirando néctar das rosas
Das regiões campesinas
Os colibris multicores
Pelos serenos verdores
Perpassam com sutileza
O orvalho cristalino
Lembra o pranto divino
Dos olhos da natureza.
(...)

A benção Mestre Cancão, cultivador de versos geniais e malassombrados, habitante do mundo do invisível, ainda tão presente e real em nossas vidas!

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Poetas da Unicordel!

A mais bela imagem do ano!


Esta é a barragem de Brotas, em Afogados da Ingazeira-PE, sertão do Pajeú, num momento mágico para o povo sertanejo. A imagem por si só já traduz toda riqueza que tem a água pra nossa gente.
O poeta Wilson Freire descreve o curso natural das águas com grande maestria nesta bela sextilha.

A chuva afaga o lajedo
Até deixa-lo macio
Depois corre barulhenta
É correnteza no cio
Se entrega a um riacho
Engravida pare um rio.

Este é o Rio Pajeú, nossa maior riqueza.

domingo, 11 de maio de 2008

Ésio Rafael no site Interpoética!


Pra mim foi mais que uma honra participar desta entrevista. Agradeço o convite de Ésio, Cida e Sennor. Foi, na verdade, uma grande e proveitosa farra, regada a poesia e, é claro. uma cachacinha das boas! Parabéns ao site Interpoética pelo belo trabalho, pela transcrição incorrigível, pelo cuidado, incluindo ainda uma galeria de fotos.

Esta foto abaixo descreve um pouco do que foi esta tarde de março no terreiro da casa de Ésio Rafael. Clique no link acima e pode desfrutar!


Mais uma pra Zé Vicente


Em mais uma foto do poetamigo Paulo Carvalho, que tem um acervo fotográfico incrível. O poeta Zé Vicente canta com o poeta cantador Zeto. Esta cantoria está se repetindo nos salões celestiais!

Uma homenagem do poeta Zelito ao mestre Zé Vicente!

ZÉ VICENTE NO CÉU


Zé Vicente chegou no paraíso
Foi direto pra casa de Cancão
Que num abraço lhe disse – meu irmão
Você trouxe farinha e rapadura?
Cante um verso que fale da natura
De um canário voando na amplidão
Que eu lhe falo do amor da virgem pura
E a saudade que eu sinto do sertão.

Zelito Nunes

Agenda Unicordel

13/05/08 (terça)-15 h - Palestra de Altair sobre a poesia e o rádio, na Biblioteca Pública de Casa Amarela

13/05/08 (terça) -19h - Inauguração do espaço do Coletivo CÉLULA MATER - Rua da Glória, nº 310 - Boa Vista (cartaz anexo)

15/08/08 (quinta) - 20h - Recital com Altair Leal, Felipe Júnior e José Honório na Pizzaria O LENHADOR , na Lagoa do Araçá (próximo ao núcleo policial)

16/05/08 (sexta) - 15 h - Intervenção do Coletivo Oroboro na Estação Central do Metrô


Mestres da poesia

Foto Paulo Carvalho

O poeta Zé Vicente, na foto com Louro do Pajeú, viajou fora do combinado nesta sexta-feira última passada. O poeta estava hospitalizado a dias na cidade de Bezerros, e teve seu descanso merecido. Zé Vicente foi e sempre será um ícone no universo dos repentistas.

O que prende demais minha atenção
É um touro raivoso numa arena
Uma pulga do jeito que é pequena
Dominar a bravura do leão
Na picada ele muda a posição
Pra coçar-se depressa com certeza
Não se serve da unha nem da presa
Se levanta da cama e fica em pé
Tudo isso provando quanto é
Poderosa e suprema a natureza

Admiro demais o beija-flor
Que com medo da cobra inimiga
Só constrói o seu ninho na urtiga
Recebendo lição do Criador
Observo a coragem do condor
Que nos montes rochosos come presa
Urubu empregado na limpeza
Como é triste a vida do abutre
Quando encontra um morto é que se nutre
Quanto é grande e suprema a natureza

Não há pedra igualmente ao diamante
Nem metal tão querido quanto o ouro
Não existe tristeza como o choro
Nem reflexo igual ao de um brilhante
Nem comédia maior que a de Dante
Nem existe acusado sem defesa
Nem pecado maior que avareza
Nem altura igual ao firmamento
Nem veloz igualmente ao pensamento
Nem há grande igualmente à natureza

[Zé Vicente, Passarinho do Norte e Bráulio Tavares]

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Boa Nova [O livro de Cancão]

O poetamigo Lindoaldo Jr., organizador do livro Palavras ao plenilúnio, do genial poeta João Batista de Siqueira, Cancão, estará neste sábado, dia 10, no Mercado da Madalena, mas precisamente no Box Sertanejo, nos brindando com a 2ª edição do livro. Muitos me procuraram, e procuram, a procura do livro do poeta, que teve sua 1ª edição esgota quase que no lançamento. Pois bem, esta é uma ótima oportunidade de adquirir esta obra prima, não só pelo fabuloso conteúdo poético, inquestionável, bem como pelo esmero e cuidado do organizador na compilação e apresentação da obra. Pra quem não conhece Cancão, tai uma “pequena” mostra de sua grandeza poética.

CREPÚSCULO

O céu se abre num leque de rubor
A luz solar cristaliza o panorama
Se escoa e tremula sobre a rama
Tornando toda a pelúcia multicor

Os horizontes circulam de outra cor
A penumbra parece arder em chama
A última luz no ocaso se derrama
Num quadro mágico, sublime, encantador

O sol, guerreiro que veio do Oriente
Passou o dia lutando ferozmente
Da guerra trouxe seu golpe assinalado

Agoniza agora, e através da tela infinda
Pela grimpa da serra mostra ainda
A metade do rosto ensangüentado

Logo abaixo, temos dois textos, de Ésio Rafael e Meca Moreno, que dão um lustre mas adequado a obra prima do mestre Cancão!

terça-feira, 6 de maio de 2008

Um recado de Josildo Sá

Quero comemorar com todos os amigos e parceiros a indicação ao PRÊMIO TIM DE MÚSICA BRASILEIRA, na categoria de MELHOR CANTOR REGIONAL!! Agradeço a todos vocês que me incentivam e torcem pelo meu trabalho!!

PRA COMEMORAR mais essa vitória, eu estarei com minha banda fazendo temporada de forró e samba de latada neste mês de maio inteiro:

QUINTAS-FEIRAS DE MAIO: estarei no Restaurante GIO em Boa Viagem com muitos convidados. Neste próximo dia 8, 22h, os convidados são Geraldo Maia e Cézar Michilles!! Dois amigos que admiro muito.
Informações: 3325.5588

SEXTAS-FEIRAS DE MAIO: estarei no Quintal do Lima, na Rua do Lima número 100. A festa começa dia 9, as 22h, com os melhores DJs da cidade. No quintal o meu convidado desta sexta é o coquista caruaruense Herbert Lucena. Informações: 3221.6552 E 8856.6251

Conto com vocês pra gente divulgar esta temporada ok!! Um grande abraço. Josildo Sá.

Ta valendo poeta! Pode contar com a gente!!!