quinta-feira, 28 de abril de 2011

É hoje!!!

O Poeta dos Vaqueiros/Tange a boiada do céu!

Pedro Amori e Louro do Pajeú, em um de seus aniversários.


Em 23 de abril de 2009 nós perdíamos um dos últimos remanescentes de toda uma gênese de repentista, o Mestre Zé Catota, que dias antes de seu falecimento, indagado sobre os ainda vivos de sua geração, fez este desabafo;

Dos cantadores antigos
Tem eu Pedro Amorim
Eu aqui em São José
Pedro lá em Itapetim
Por lá ninguém lembra dele
Aqui esquecem de mim.

Pois bem, ontem, dia 27 de abril de 2011, deixou o plano terreno o Mestre Pedro Amorim, o Cantador dos Vaqueiros.

Pedro era genial em tudo, nos versos, nas tiradas engraçadas, na simplicidade da gente da roça, peculiar aos sertanejos.

Uma de suas várias tiradas geniais, que não foram poucas, foi em uma das festa de aniversário do Mestre Louro do Pajeú [poeta Lourival Batista], dia 06 de janeiro, que coincidia com o Dia de Reis, uma das mais tradicionais festas de São Zé.

Foram buscar Pedro em Itapetim, cidade vizinha e irmã, para participar dos festejos na casa de Louro, sempre muito concorridos. Pedro reclamou de estar meio adoentado e de não poder participar da festa, já que essa, era sempre regada a muita cachaça, além de grandes cantorias.

Com a insistência dos amigos ele se defende;

– mas eu não posso nem beber, que diabo eu vou ver lá?
– Tu bebe outras coisas. Refrigerantes, leite, água...

Até que o convenceram e lá se foram a caminho da festança. Lá chegando a primeira providencia de Pedro foi botar meio copo de cana engolir dum gole só. Ai foi quando um dos parceiros saiu com essa;

– Mas Pedro, tu num disse que num ia beber, que num podia?

A resposta é fatal;

– O cara vim para festa de Bernadão* e num Tumá uma, é a merma coisa de i pru cabaré e num levá a rola, né não véi!


*Como ele se referia a Louro, mas ai, já é outra estória.

Veja agora o poeta declamando uma de suas mais marcantes obras.

VALEU MESTRE Pedro!!!


quarta-feira, 27 de abril de 2011

terça-feira, 26 de abril de 2011

Vamos apoiar o Mestre Chico Cesar!



A arte deu um grande passo
E sem ter régua e compasso
Delineou no espaço
Um novo mote e refrão
O nosso mestre Chicão
O Cesar da Paraíba
Botou a arte pra riba
Nos oito pés em quadrão!

Que a terra pernambucana
Siga o exemplo bacana
E não seja mais sacana
Com o nosso cidadão
Que apóie o nosso irmão
Dando a ele voz e vez
Como a Paraíba fez
Em oito pés de quadrão!

Compre também essa briga
Se “aqui tem rapariga”
Não precisa que se diga
Numa festa de São João
“Tapa na rachada” então
Se a gente pensa um segundo
É coisa de vagabundo
Em oito pés de quadrão!

Amanhã, tem FESTA na PassaDisco!!!

Clique na imagem.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Em São José do Egito!




Eita sertão véi bom da gota!

Estou esses dias em São José do Egito, terra da minha origem, dos meus bisavós, avós e pais. Onde ainda vivem minha mãe, uma tuia de tios, primos e grandes amigos de infância.

Pisar nesse chão, não só trás boas recordações da infância e adolescência, como também um orgulho arretado por sua gente, seus poetas. Em sendo também do Pajeú, não me furto ao exercício do verso.

E viva o sertão do Pajeú!

São Zé é minha casa!

Em São José do Egito
Tudo fica mais bonito
Quando o poeta contrito
Reza mais uma oração
Vem em forma de canção
De poesia rimada
Louvando a terra amada
Nos oito pés em quadrão.

Numa noite enluarada
Percorrendo a madrugada
O poeta não se enfada
E segue na louvação
Entregue a sua paixão
Retrata seu chão querido
Onde ama ter nascido
Nos oito pés em quadrão.

Meu Pajeú tem sentido
E em todo canto ouvido
O poeta comovido
Cantar a sua emoção
Com bela improvisação
Tem seu amor retratado
Cantando seu berço amado
Nos oito pés em quadrão.

Aqui me sinto indultado
Livre de todo pecado
Pois logo sou perdoado
Da ausência do torrão
Quando piso nesse chão
Tudo em volta é só festejo
Viva o povo sertanejo
Nos oito pés em quadrão.

São Zé
14 de Abril de 2011.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Uma homenagem de Gilmar Leite!

Manuel Filó
Fidalgo Poeta do Pajeú

Manuel Filó: Um poeta “Demasiadamente Humano”


Gilmar Leite


Refletir sobre a poesia é mergulhar no universo da condição humana. Falar do poeta Manuel Filó é aprofundar a poesia num mundo “demasiadamente humano”. Há poetas que fazem poesia. Existem poetas que são a própria essência da poesia. Manuel Filó foi um desses! O bardo filho do “Pajeú das Flores” se vestiu com a nobreza da poesia, e fez dela, a elegância ética de um cidadão cortês, sempre com os braços estendidos e abertos, ofertando o afago da amizade e do respeito para os que se aproximavam dele. Atento as demais as pessoas em seu entorno, o vate Manuel Filó, sempre foi cuidadoso e generoso para com outros poetas, dos mais famosos aos menos conhecidos, vendo-os e tratando-os com o mesmo carinho e respeito. Do mesmo jeito, ele estendia sua cordialidade para as demais pessoas que se aproximavam dele, mesmo que não fosse por motivos poéticos. A poesia suave, elegante e clássica de aedo Manuel Filó é a extensão do seu caráter, onde se confundem dois seres, a poesia e o poeta, vistos e entrelaçados numa condição única, a condição humana.


Tristeza na terra, alegria no céu!

Correm lágrimas sobre o rio da fantasia!
O seu leito perdeu um córrego de encantos;
As poéticas águas se afogam em prantos,
Pela perda de um bardo que viveu poesia.

Sobre o límpido éden, transborda alegria,
Lourival, Cancão, Job, coroados de santos,
Receberam Filó com plumas de acalantos,
Confortando sua alma, com uma cantoria.

Na braúna gigante dos versos campestres,
Improvisam chorando os poetas silvestres,
Derramando saudades nos frondosos galhos.

Sobre o trono celeste do Deus soberano,
Cantam versos, Marinho com Rogaciano,
Devolvendo Filó em gotas de orvalhos.


Fonte; www.aguasdopajeu.blogspot.com