terça-feira, 29 de agosto de 2017

Re-re-retornado...

Recomeçando com o Mestre Enoc Ferreira.


Eu e o poeta Enoc Ferreira.


A cancela se desgasta
Arreia a parte da frente
Abrindo diariamente
Toda cancela se gasta 
Devido a terra que arrasta
Não encosta no mourão
Se não botarem um cambão
Termina o gado saindo
Cancela velha se abrindo
Faz meia lua no chão

Cancela é só uma grade
Na posição vertical
Gira na horizontal
De um círculo faz a metade
E a força da gravidade
Não diminui a pressão
Até que as cunhas da mão
Vão afrouxando e caindo
Cancela velha se abrindo
Faz meia lua no chão

Fica ruim de abrir
Muito pior de fechar
Que é preciso levantar
Vendo a hora ela cair
Uma trave escapulir
Arriscado um machucão
Somente por precisão
Ela ainda está servindo
Cancela velha se abrindo
Faz meia lua no chão

Pra quem precisa passar
Pra entrar ou pra sair
Tem que puxar para abrir
Tem que empurrar pra fechar
Cada volta que ela dá
Vai de terra uma porção
Uns lhe fecham e outros não
Ainda o dono pedindo
Cancela velha se abrindo
Faz meia lua no chão

Quando começa a afrouxar
Cada trave em cada mecha
Se fecha, fica uma brecha
Que dá pra o bicho passar
Para abrir é devagar
Diminui a rotação
Só fecha no empurrão
Pesada mole e rangindo
Cancela velha se abrindo
Faz meia lua no chão.

Glosas: Enoc Ferreira
Mote: Raymundo Asfora


O tema aqui é o verso
A estrofe, a poesia
O repente bem rimado
Numa boa cantoria
É o poema que brota
Que da mente não esgota
Só aumenta todo dia,

JFiló.