domingo, 24 de novembro de 2013

Relendo...

''O Direito ao foda-se!''
(Millôr Fernandes)

O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de ''foda-se!'' que ela fala.
Existe algo mais libertário do que o conceito do ''foda-se''?
O ''foda-se'' aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta.
''Não quer sair comigo? Não? Então foda-se!''
''Vai decidir esssa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!''
O direito ao foda-se deveria estar assegurado na Constituição Federal.
Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos.
É o povo fazendo sua língua.
Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia.
''Pra caralho'', por exemplo. Qual expressão traduz a idéia de muita quantidade do que ''pra caralho''?
''Pra caralho'' tende ao infinito, é quase uma expressão matemática.
A Via-Lactea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o Universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende?
No gênero do ''pra caralho'', mas no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso ''nem fodendo!''.
O "Não, não e não!'' é tampouco nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade. ''Não, absolutamente não!" o substituem.
O '' nem fodendo!'' é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciencia tranquila, para outras atividades de maior interesse em sua vida.
Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo '' Danielzinho, presta atenção, filho querido... NEM FODENDO!''. O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.
Por sua vez, o ''porra nenhuma!'' atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totelmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional.
Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um ''é PHD porra nenhuma!'' ou '''ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!''
O ''porra nenhuma'', como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem-estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha.
São dessa mesma gênese os clássicos ''aspone'', ''chepone'' e mais recentemente o ''prepone'' - presidente de porra nenhuma.
Há outros palavrões igualmente clássicos.
pense na sonoridade de um ''puta que pariu'', ou seu correlato ''pu-ta-que-o-pa-riu!!!'' falados assim, cadenciamente, sílaba por sílaba.
Diante de uma notícia irritante qualquer um ''puta-que-o-pariu!'' dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios tem o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.
E o que dizer de nosso famoso ''vai tomar no cú!'' e sua maravilhosa e refroçadora derivação ''vai tomar no olho do se cú!''?
Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: ''Chega! vai tomar no olho do seu cú!''. Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoe a camisa e saia na rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor íntimo nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: ''fodeu!''. E sua derivação mais avassaladora ainda: ''fodeu de vez!''.
Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? ''Fodeu de vez!''.
Liberdade, igualdade, fraternidade e FODA-SE!



segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Vem por ai...


No dia 27 de novembro, às 19h, no Espaço Pasárgada (Rua da União, 263 - Boa Vista - Recife/PE), com muita alegria, batida de maracujá e microfone aberto para a récita e a leitura, o Interpoética (www.interpoetica.com) lançará três livros de poemas, um de prosa e um vídeo-documentário. 

“Sub 21 - Coletânea de poesia” com André Monteiro, Bárbara Nunes, Clareira, David Henrique, Francisco Pedrosa, Gleison Nascimento, João Gomes, Luna Vitrolira, Penélope Araújo, Yago Santana e Zé Vitor. Os poetas têm até 21 anos e fazem parte da nova cena literária pernambucana.

“Uma dose de lirismo” de Kerlle de Magalhães. Nesse livro o poeta e cordelista publica 31 sonetos.

“Mosaico” - narrativas curtas - com Cícero Belmar, Cleyton Cabral, Gerusa Leal, Lucia Moura e Raimundo de Moraes.

“Os de cá, com os de lá ou Um encontro inusitado” de Jorge Filó. O poeta passeia pelo gênero sextilha e escreve dois longos poemas em que visita grandes autores da poesia popular.

“Rede” com direção de Mariane Bigio, produção de Milla Bigio, capa de Diego Gibran e a participação de Anaíra Mahin, André Monteiro, Caio Menezes, Clécio Rimas, Felipe Morais, Gleison Nascimento, Isabelly Moreira, Kerlle de Magalhães, Luna Vitrolira, Mariane Bigio, Monique D'Angelo e Thiago Martins. O documentário traça um cenário da poesia popular a partir da fala e da récita de 12 jovens poetas.

Os livros e o vídeo são produtos do Ponto de Cultura Interpoética.
Esperamos vocês lá. Tragam a vasilha da poesia.

domingo, 3 de novembro de 2013

Pra Filó...

É muito estranho pra mim, me ver em vídeo, até porque esses momentos que me aparto da timidez e me dano a falar, são raros. Não sei nem se concordo, hoje, com tudo dito ai. Mas, sou eu mesmo dizendo. Valeu a parceria com Ésio Rafael - Já uma herança de meu pai - amigo, professor, poeta e apreciador das artes gerais. Valeu ao SESC-PE pelo reconhecimento!

Pra toda família dos Filós! Bença Mãe...

Obrigado a todos.

E foi assim...