domingo, 23 de dezembro de 2007

Sobre o livro de Cancão [Meca Moreno]

PALAVRAS AO PLENILÚNIO

Uma lua cheia de poesia prenunciava o lançamento do livro com o título acima. Os amigos (lunáticos, graças a Deus) como Jorge Filó, através de mensagens eletrônicas para a sua enorme lista e do seu blog No Pé da Parede (nopedaparede.blogspot.com), além do Papa Berto I, da Igreja Católica Apostólica Sertaneja – ICAS, a igreja dos cachacistas do mundo todo, através de orientações papais, inclusive pelas páginas do Jornal da Besta Fubana (bagaco.com.br ou plano4.com.br/besta_fubana) para que todo o clero anunciasse e desse as boas-vindas para um trabalho primoroso, bem cuidado e de valor inestimável para a literatura brasileira.

No dia 24 de novembro deste ano abençoado de 2007, o Mercado da Madalena, no Recife, viveu mais um dia de glórias, com tanta gente e tão grandes artistas de todas as vertentes, reunidos para numa grande festa, homenagear e reverenciar um homem que foi muito além do seu canto de pássaro.

O seu feliz organizador Lindoaldo Vieira Campos Júnior, com sua dedicação fez um bem enorme para todos nós e nos deixa muito orgulhosos por termos um jovem do seu quilate dando-nos o prazer de ter em mãos um trabalho feito com o esmero, o carinho e a paixão de quem conhece a linguagem poética e seus artifícios. Melhor ainda, conhece a poesia e o poeta. Percebe do poema a essência, captura-a e presenteia toda a humanidade com uma obra belíssima contendo os três livros do poeta João Batista de Siqueira – Cancão: Musa Sertaneja (1967), Flores do Pajeú (1969) e Meu Lugarejo (1979), além dos poemas inéditos do seu livro Chave de Ouro, que ele não teve tempo de publicar, e outros poemas do grande mestre, gravados por amigos, alguns presos a sete chaves nas memórias de tantos.

Palavras ao Plenilúnio é uma obra parida dos modernos prelos da Editora Universitária (ufpb.br), da Universidade Federal da Paraíba, sob o patrocínio do Fundo de Incentivo à Cultura Augusto dos Anjos e a chancela do Governo do Estado da Paraíba, a quem a poesia agradece pelo reconhecimento.

Como ninguém mais, nos seus poemas, Cancão soube descrever até mesmo o indescritível, o que levou outros mestres a reverenciá-lo, como o fizeram Zé de Cazuza, Joselito Nunes, Antonio Bezerra, Dedé Monteiro, Rogaciano Leite, Lourival, Otacílio e Dimas Batista, Jó Patriota, Biu de Crisanto, Sebastião Dias, José Rabelo, Orlando Tejo, Antonio de Catarina, Pedro Tunu, Manoel Filó e mais. Tornando-o mais um vate egipcience a ser ítem obrigatório nas bibliotecas de quaisquer apologistas.

O também poeta, apologista e professor José Rabelo disse que o Reino Encantado da Poesia de São José do Egito possui três faraós: os poetas Antonio Marinho (1897-1940), Rogaciano Leite (1920-1969) e Lourival Batista Patriota (1915-1992). O mesmo ilustre poeta e professor José Rabelo declara que no mesmo reino, João Batista de Siqueira - Cancão (1912-1982) é santo e sumo pontífice, elevando-o a uma categoria divinal.

Impressionante é o poder imagético da poesia canconiana. Aliás, é a imagem uma das características basilares da poesia popular, juntamente com a métrica, a rima, a oração e o ritmo, variando-se este último, ora de acordo com o Sistema Silábico (isométrico e heterorrítmico), ora com o Sistema Silábico Acentual (isométrico e isorrítmico), como diria o mestre Alberto da Cunha Melo, na orelha do livro Amores Perfeitos na Beira do Mar, organizado pelo poeta Marcos Passos.

A obra tem uma excelente capa como o resultado de um projeto de Mônica Câmara, com uma belíssima ilustração assinada pelo competente João Lin.

Lindoaldo, em sua Nota do Organizador, que aqui eu chamo de ensaio, mas que poderia também fazer parte de uma tese, faz uma feliz análise do homem João Batista de Siqueira, dentro do seu contexto social, bem como uma análise lítero-linguístico-filosófica da obra do poeta Cancão, a partir de uma ótica e de um contexto universais, revelando-nos um poeta sem fronteiras.

Considero a Nota do Organizador, uma obra de arte que complementa e explica outra, ajudando-nos a compreender não apenas a poesia de Canção, mas a arte poética universal. Com sua metalinguagem engenhosa, consegue ele, apoiado em vários monstros sagrados da literatura, da dramaturgia, da psicologia, da antropologia, da sociologia e da filosofia, clarear os caminhos para uma compreensão melhor da poética e da alma do gênio pajeuzeiro.

Para coroar o trabalho como um dos mais importantes do cenário poético universal, Lindoaldo convidou para prefaciar o livro, mais um gigante da poesia do mundo: Dedé Monteiro, que num depoimento emocionado, com a humildade que lhe é peculiar e que o engrandece ainda mais, traz à baila, opiniões, declarações e citações de outros grandes homens, como por exemplo o mestre Antonio de Catarina, que declarou: “a genialidade de Cancão é algo que só a parapsicologia pode explicar.” Além de outros já citados e mais alguns como Manoel Xudu, Zezé Lulu, Zé Catota, Geraldo Amâncio...

Vieira Júnior, que com sua humildade, sequer colocou o próprio nome na capa do livro (mesmo como organizador), demonstra sua gratidão aos que o ajudaram na construção e organização do trabalho, especialmente a Joana D’arc, Juberlita, Teófanes Leandro, Ida de Coraci, Antonio de Catarina, Reginaldo, Joselito Nunes, Edvaldo da Bodega, Pedro Torres Tunu, Dedé Monteiro, Didi Patriota e Neném de Santa. Por fim, a todos que o ajudaram nessa “homenagem a Cancão, Osíris da Terra dos Faraós da Poesia.”

O livro pode ser adquirido nos endereços eletrônicos acima, no endereço do organizador Lindoaldo Vieira Campos Júnior (lvcamposjunior@hotmail.com), ou no Box Sertanejo (81 - 3446-8596), dentro do Mercado da Madalena.

Grande abraço a todos!








Meca Moreno

Extraído do site INTERPOETICA

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Versos de um menino PUTO!!!




















Vai ser na pedra esse ano
Quando chegar o natal
E aquele velhinho mau
Me aparecer por engano
Vou lhe dizer – seu fulano
Já fazendo um escarcéu
Muito feio seu papel
Não gosto que me engane
Quero que o senhor se dane
AI DENTO PAPAI NOEL!!!

Nem um presente safado
O senhor teve a coragem
Oi foi só por sacanagem
De deixa-lo do meu lado
Eu lhe esperei sentado
Passei a noite um bedel
Fiquei apenas com o fel
Nem um "ôpa" o senhor deu
Mas esse ano fudêu
AI DENTO PAPAI NOEL!!!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Do livro "As curvas do meu caminho"

Deixa de Zé de Cazuza:

A água abarrotou tudo
O riacho, o ribeirão.

Manoel Filó:

Nas terras do meu sertão
Depois de longa chuvada
Nota-se em meio à enchente
Uma cascavel zangada,
Se mudando sem querer,
Pelas águas arrastada.

------------------------------------------------

















Nosso mestre Zé de Cazuza!

Poeta Kerle de Magalhães

Nos dando a impressão de que essa história de cordel e poesia ainda vai render que só a gôta!!!!

Nesta festa, Papai Noel não entra!!!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Sobre o livro de Cancão [Ésio Rafael]

A LUA O SOL DOS MENDIGOS...
(Cancão)

Não existe governo no mundo melhor que chuva. Pra sertanejo, Não!
Na medida em que, não existe um Deus da poesia maior que Cancão. Pra sertanejo, sim! Cancão nasceu em São José do Egito, e como não poderia deixar de ser, sob a proteção dos Deuses, e do rio feiticeiro. O Brasil precisava de um material da magnitude de: - PALAVRAS AO PLENILÚNIO, para conhecer uma das personalidades poéticas digna de estudos profundos, em todas as instâncias. Por Cancão ter sido um homem do campo, “pouco letrado”, autodidata, inicialmente cantador de viola, mas vendo que não dava pro serviço, foi escrever poesia.
Sublimado por unanimidade em toda a região onde nasceu, principalmente por quem teve o privilégio de participar da sua convivência. Na década de setenta, chegamos à sua casa, eu, Celis, Marcos Nigro e Branquinho, filho de Lourival Batista. Era um Sábado sertanejo, dia de feira. Dez horas da manhã, ele literalmente embriagado, patinando pela parede do “corredor”, que dava para a cozinha, em pranto insustentável, assim dizendo: - Eu quero a minha mãe. É que, a mãe do poeta havia morrido há menos de setenta e duas horas. Ele, um ancião, mas, tratava-se de ninguém mais que Cancão, se comportando feito uma criança.
O momento mais emocionante estava por vir. Foi quando, Amélia, sua terceira mulher, retirou do quarto do casal, uma caixa de sapatos repleta de poemas em pedaços de papel, até de “embrulho”, contendo poemas do mestre, adepto de “Nossa Senhora”.
Há quem diga que o poeta Rogaciano Leite havia declinado da missão de prefaciar um livro de Cancão por se achar inábil. Alguns pesquisadores que vagueiam nos umbrais das Academias e do misticismo, procuraram uma justificativa para explicar o poderoso poder de percepção poética de Cancão, afirmando que muitos dos seus poemas eram psicografados. Insinuavam que o poeta não tinha formação literária para, por exemplo, evocar a mitologia grega:


ÉS DAS REGIÕES POLARES
A MAIS DELICADA PLANTA

VIVES IGUAL UMA SANTA

ENTRE AS TOALHAS LUNARES

OS GÊNIOS DOS LONGOS MARES

DÃO-TE ATRAÇÃO SOBERANA

ÉS A MAIS GENTIL LIANA

EM FORMA DE CRIATURA

NASCESTE DE NINFA PURA

DA MARESIA INDIANA


O livro: - PALAVRAS AO PLENILÚNIO, organizado pelo poeta Lindoaldo Vieira, é de extrema necessidade, importância, oportuno, competente, arrojado, completo. Um presente para a literatura, e para o Brasil poético.
Tá na mão do leitor, com o apoio da Universidade da Paraíba e a gratidão dos pernambucanos.










Èsio Rafael.
Areias/Dezembro/07

Do livro "As curvas do meu caminho"



Em outra cantoria, cantava Manoel Filó e Zé de Cazuza. Era um fim de tarde. O horizonte turvo, mostrava promessa de chuva. Quando Zé entregou-lhe a deixa seguinte:

A natureza mostrando
Uma desenhada peça.

Manoel Filó:

Quando o inverno começa,
Nas mais longínquas chapadas.
O vento fica trazendo
Para as margens das estradas
Cheiro de lenha zarolha
Das brocas encoivaradas.

------------------------------------------------------

Este era um de seus costumes, quando em visita ao amigoirmão Zé de Cazuza! Deitar-se sob o umbuzeiro em frente a casa dele para um coxilo.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Unicordel-PE!


A Unicordel tem o prazer de convidar-lhe para o último recital de 2007 dentro do projeto SEXTA DE VERSOS, que acontece nesta sexta-feira, dia 14/12, a partir das 19 horas, no Bar e Restaurante Feijão & Cia.

Este encontro poético-musical dos cordelistas vem sendo realizado mensalmente deste julho de 2005, onde os poetas da Unicordel e seus convidados promovem uma celebração à tradicional poesia popular nordestina, com versos que trazem lirismo, humor, irreverência e sátira, entrecortados por composições musicais interpretadas pelo multiartista Allan Sales.

Estarão presentes, dentre outros, o jovem repentista Adiel Luna, os cordelistas João Campos, Altair Leal, Cícero Lins, Daniella Almeida, Paulo Moura, Kerlle Magalhães, Edgar de Patos e Felipe Júnior.

O Feijão & Cia fica na Rua São Francisco, nº 60, bairro do Paissandu (Por trás do Hospital Português), servindo petiscos e bebidas diversas (com destaque para a cerveja sempre gelada), com preços bem camarada. Fone: 3231-6293. Na ocasião será cobrado couvert artístico no valor de R$ 3,00.

Contamos com sua presença! Informações com Altair ( 92587151) ou João Campos (99770746).

domingo, 9 de dezembro de 2007

Balada de Robert Johnson

Essa é uma daquelas obras primas que agente ouve e reconhece na hora.
Musica dos poetas Braulio Tavares e Sebastião da Silva, no CD de Flávio Guimarães, Navegaita! BELO!!!

sábado, 8 de dezembro de 2007

João Badalo, o Lobisomem e a Comadre Fulôzinha


Esse vídeo é algo surreal! João Badalo descreve o Lobisomem e a Comadre Fulôzinha, que ele já chegou a ver!
Presta atenção na doidice!!!


sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Do livro "As curvas do meu caminho"

JOAQUIM FILOMENO DE MENEZES
JOAQUIM FILÓ – (IRMÃO DO AUTOR)

De uma família poética
Eu fui o menos dotado
Tem Manoel e Gregório
Com o Dom muito aguçado
Mas mesmo assim não me privo
E por ser muito emotivo
Está aqui meu legado

Teve o meu pai no passado
Tem Manoel no presente
Provando que este fruto
Surgiu de boa semente
E vamos pedir a Deus
Para descendentes seus
Brilharem futuramente.

Para sair neste livro
Eu a tudo me sujeito
Fingindo de ser poeta
Massageando meu peito
Se não achar adequado
Pode me deixar de lado
Que plenamente eu aceito.

Um recado sutil. Também sou poeta,
eis minha colaboração.

Tuparetama, outubro de 2003










Joaquim Filó

Um poema de Luna!















ECCE HOMO


Saiam da minha frente
matem-se
morram-se
deixem livre
o meu campo de visão

Me entristece conceber
a semelhança que nos une na semente
quem é que pode
ser feliz se vendo gente

Portanto
saiam da minha frente

Erickson Luna

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Do livro "As curvas do meu caminho"

Certa vez, cantavam num sitio em Itapetim. Como a casa se situava num terreno plano e arenoso, Zé de Cazuza em dado momento termina uma sextilha assim:

Quem mora neste terreno
Se sente maravilhado.


Manoel Filó:

Nunca mais tinha cantado
Numa baixada de areia
Onde a lua sai mais alva
Três noites, depois de cheia,
Dando brilho no orvalho
Que a madrugada semeia.

FESTA Junior do Bode!

A grande festa de lançamento do livro "Cuia de poeta cego, tem verso
de toda cor" do poeta Junior do Bode, que seria dia 08 (dez 2007), por
motivo do feriado de Vossa Senhora da Conceição, foi transferido para
o dia 15 (dez 2007). A programação continua a mesma!
O caso, é que D'Bode não quis medir prestigio com a Santa, que leva
uma multidão ao morro de mesmo nome e o mercado de Madá só ia ficar
aberto até as 13h.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Seu Caboco! Meu avo!



Esse é meu avô, Antônio Sebastião de Menezes, ou simplesmente “Cabôco Paulo”. Aos 101 anos, Sêu Cabôco nos serve de exemplo de vida e longevidade! Homem humilde, foi agricultor, motorista, mecânico, alem de grande inventor. Criou seus cinco filhos, sendo um único homem, que logo sedo partiu pra viver a própria vida. As quatro filhas foram criadas por ele e sua esposa Ermira Francisca de Menezes – Vó Mira, como chamávamos – e educadas em colégios de freiras, uma educação de alto custo, mas bancada com o suor do próprio rosto deste trabalhador honesto e respeitado por todos que o conhecem. Apesar de nunca ter enveredado pelo mundo da poesia, Sêu Cabôco não foge a regra, para quem é do Pajeú, terra de grandes gênios e poetas.

Vejam como são bem feitas
As coisas da natureza
O espinho da macambira
Nasce pra sua defesa
Um pra frente, outro pra traz
Prevenindo a incerteza.


Mestre Cabôco Paulo, nosso maior orgulho.

Sextilhas de Bio de Crisanto

Da visão desta janela
Eu vi os sonhos perdidos
A vida passou por mim
Causando dor e gemidos
E a esperança morreu
No vale dos esquecidos.

O mundo esqueceu de mim
Neste cubículo imundo
Onde mergulhei nos livros
Hora minuto e segundo
E fiz diversas viagens
Pela vastidão do mundo.

Não esqueço um só segundo
Dos dias da mocidade
Mais o tempo me roubou
Da vida mais da metade
Restando só amargura
Tristeza, dor e saudade.


Bio viveu por mais de três décadas em um pequeno quarto em São José do Egito, sua terra natal. Paralítico, dedicou-se a leitura e a poesia, era de poucos amigos e muitos admiradores, sua verve poética nos deixou um verdadeiro tratado de filosofia em prosa e verso.

“Mas vale um mudo que leva recados, que um poliglota individualista”
bio de Crisanto (1929 – 2000)

Bio de Crisanto "O poeta da janela"



Severino Cordeiro de Sousa (Bio de Crisanto), nasceu aos 09 de maio de 1929, no povoado São Vicente, na época município de São José do Egito. Filho de Crisântemo Olegário de Sousa e Blandina Maciel de Sousa, nos seus primeiros anos de vida foi residir em Sumé – PB, retornando à Capital da Poesia já adolescente. Aos oito anos de idade, escreveu sua primeira poesia, “Vida na Roça”. A partir daí a arte do versejar tomou conta da sua vida e, junto ao irmão Macilon Olegário de Sousa, foi cantador de viola durante três anos.

Na década de 50, logo após o falecimento de seu genitor, Bio de Crisanto mudou-se para Jacobina – BA, onde exerceu outras atividades profissionais. Naquela cidade, em novembro de 1959, por excesso de trabalho, sofreu um esgotamento físico e foi hospitalizado. Uma enfermeira sem conhecimentos anatômicos aplicou-lhe uma injeção no glúteo onde a agulha atingiu a cartilagem do tendão de locomoção. A partir dessa data o poeta não andaria mais.

No início da década de 60, Bio retorna a São José do Egito e começa sua luta para adequar-se a doença que o acometeu. Depois de morar alguns anos com a família, decide residir sozinho.

Grandes companheiros de suas horas de solidão foram amigos, familiares e os livros. Foi principalmente na dedicação à leitura que Bio de Crisanto superou suas mágoas e, na poesia, expôs toda sua sentimentalidade, valorização ao regionalismo e teorias sobre a vida. A arte do pensar foi a grande responsável pelo título que recebeu: “Poeta Filósofo”.

Na década de 60, em períodos tensos de nossa história, Bio escreveu “Fase Semi-Feudal”, poema consagrado que lhe rendeu elogios além fronteiras pernambucanas. Por se tratar de versos hostis ao regime militar, nenhuma das suas 14 estrofes foi publicada no seu livro.

Em 1975, o sonho de publicar um livro é realizado. Prefaciado pelo grande amigo e poeta Aleixo Leite Filho, Bio de Crisanto lança “Meu Trigal”, um composto de prosa e versos. Na obra, o poeta conduz o leitor aos seus pensamentos filosóficos e envereda na poesia, dando ênfase ao estilo soneto.

Nas horas de conversa, quase sempre debruçado na janela de sua residência, localizada na Rua do Poeta, denominação escolhida em sua homenagem, Bio atendia inúmeros estudantes em busca de conhecimentos, levantava importantes assuntos ao lado de amigos e sempre que outro poeta o visitava, a glosa tomava conta do ambiente.

Na década de 90 foi fundador do Clube de Cultura Literária, entidade que por mais de dez anos foi instrumento forte na promoção cultural da Região. Ainda nessa época, participou de diversos concursos de poesia, obtendo os primeiros lugares.

Membro da União Brasileira de Escritores, teve alguns de seus poemas publicados em jornais e nos livros “São José do Egito – Musa do Pajeú” e “São José do Egito – Solo Sagrando, Mentes Iluminadas”.

Bio de Crisanto faleceu com 71 anos, aos 22 de agosto de 2000. Seus poemas inéditos estão sendo catalogados e serão inseridos na publicação de seu segundo livro “Meu Madrigal”, título escolhido pelo poeta antes de sua morte. O novo livro trará, também, todo o conteúdo da primeira publicação.


Estrofe 11 de “Fase Semi-Feudal”

(...)
“Libertas quae será tamem”
Quem dissera, quem dissera,
A frase existe entre nós
Liberdade quem nos dera!
De que vale independência
Onde não há consciência
Moral nem patriotismo,
Onde o Direito se vende
A Lei covarde se rende
Aos pés do capitalismo.
(...)

Soneto extraído do livro “Meu Trigal”:

Dúvida

Nasci! De onde vim é que não sei,
Enfim, também não sei para que vim,
Se vim para voltar para que fiquei
Neste intervalo de incerteza assim?

Não foi do pó fecundo que brotei,
Não sei quem tal missão me impôs a mim,
O acaso não foi, já estudei...
Desta incumbência desconheço o fim.

Sou a metamorfose das moneras
Desagregadas nas primeiras eras,
Reunidas hoje nesta luta infinda.

Sou a passagem irreal da forma
Submetida aos desígnios da norma,
Do meu princípio não sei nada ainda.


O texto acima é de autoria de Geraldo Palmeira, sobrinho do poeta Bio.
A foto é do arquivo de Zelito Nunes.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Do livro "As curvas do meu caminho"



Mais uma vez Jó entrega-lhe esta deixa:

Abelhas brigam por água
Na lama duma vazante.

Manoel Filó:

Do mês de agosto em diante
Depois que o sertão se inflama
Num tronco duma forquilha
Um cururu faz a cama
Recebendo os pingos d’água
Que um pote novo derrama.

“Uma expressão comum de pai, que aqui lhe serve muito bem, PRESTAAAANDO!!!!!!!!!

Ivan Moraes nas Quartas Literarias


Fiz este sonetilho inspirado na luta do cabôco jornalista e ativista social, Ivan Moraes, que estará lançando seu livro nesta quarta, dia 28! Prestigiarei, com certeza!!!

Violência social

A arma, o alvo, estampido
A bala, a mira certeira
A queda, a dor, o gemido
A morte por companheira.

Mais um no chão estendido
Se for sem eira nem beira
Todo o mundo comovido
Se o corpo tem coleira.

Menor, se assim for pobre
Adolescente, se é nobre
Nos dita a sociedade.

Quando a vida se faz morta
Nada disso mas importa
Nos dita a realidade.

À Ivan Moraes Filho (jornalista do CCLF - Centro de Cultura Luiz Freire). Gigante na defesa dos direitos humanos.
Jorge Filó 12.12.2006

domingo, 25 de novembro de 2007

Parabens poeta e xilografo Marcelo Soares!


Requerimento Selecionado


ESTADO DE PERNAMBUCO
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA
Legislatura 16º Ano 2007

Requerimento Nº 937/2007


Requeremos à Mesa, ouvido o Plenário e cumpridas as formalidades regimentais, que seja consignado na Ata dos trabalhos desta Casa Legislativa um Voto de Aplauso para o Poeta-Popular Marcelo Alves Soares, pelo seu empenho em propagar o ofício do Cordel, tornando-se um dos maiores gravadores do país, autor de vários títulos, inclusive com destaque no Brasil e até mesmo no exterior.

Da decisão desta Casa, e do inteiro teor desta proposição, dê-se conhecimento ao Exmo. Sr. Governador do Estado de Pernambuco, Dr. Eduardo Henrique Accioly Campos, com endereço no Palácio do Campo das Princesas, Praça da República, s/n – Santo Antônio – Recife-PE – CEP 50010-040; ao Exmo. Sr. Secretário Estadual de Educação, Dr. Danilo Jorge de Barros Cabral, com endereço na Rua Siqueira Campos, 304, Santo Antônio, Recife – PE, Cep: 50010-010; ao Exmo. Sr. Secretário Especial de Cultura, Dr. Ariano Vilar Suassuna, com endereço Rua da Aurora, 423, Boa Vista, Recife -PE - CEP: 50050-000; a Ilma. Sra. Presidente Estadual da Fundarpe, Dra. Luciana Azevedo, com endereço na Rua da Aurora, 463/469, Boa Vista, Recife – PE, CEP: 50050-000; ao Exmo. Senhor Prefeito da Cidade de Timbaúba, Dr. Bartolomeu Ferreira de Lima, com endereço na Rua Dr. Acebiades, 276 – Timbaúba-PE, CEP 55870-000 e ao Poeta Popular e Xilogravurista Marcelo Alves Soares, com endereço na Folhetaria Cordel, Rua João Samuel Costa nº 13, Vila da COHAB – Timbaúba-PE, CEP: 55870-000.
Justificativa

Marcelo Alves Soares descende de uma tradicional família de poetas populares e violeiros repentistas.

É filho de um dos mais tradicionais poetas populares de Pernambuco, o lendário repentista e cordelista José Soares, de saudosa memória, e que sempre foi conhecido pelo poeta repórter.

Hoje o filho Marcelo Soares, cultiva a mesma seara do pai e que também já se tornou célebre na sua arte, ora no ofício das xilogravuras ora escrevendo literatura de cordel, sendo autor de mais de 60 títulos de folhetos.

Indiscutivelmente, Marcelo Alves Soares é um dos grandes xilogravuristas e cordelistas, divulgador e conservador das nossas tradições culturais.

Não me canso de ser admirador desses artistas, é tanto que tive a honra de apresentar proposição para que fosse instituído no calendário pernambucano o Dia do Cordelista, cuja Lei nº 12.958 encontra-se em vigor desde 20.12.2005.

Portanto Senhores Parlamentares. Está aqui mais um Voto de Aplauso para um poeta popular pernambucano, e com ele minha alegria por ver oficialmente registrado nesta Assembléia Legislativa, parcela da inteligência, pedaços da alma, filigranas do espírito admirável de um dos maiores cordelistas desta Região, Marcelo Alves Soares.

Antônio Moraes
Deputado

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Do livro "As curvas do meu caminho"

Biu de Crisanto, cantando com Manoel Filó, conclui uma sextilha dizendo:

Nos acidentes da terra
Canta a água no regato..

Manoel Filó:

Nas residências do mato,
Depois que o sol vai embora,
Num recanto do quintal
A galinha se acocora,
Fazendo rancho das penas
Pra não dormir pinto fora.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Lançamento do livro de CANCAO!!!


CANCÃO

João Batista de Siqueira
Cujo nome é meio mote
Nasceu provido do dote
Da musa pajeuzeira
Foi poeta a vida inteira
Versando seu lugarejo
Cantando o chão sertanejo
Sua pátria universal
Um vate descomunal
Que outro igual eu não vejo.

Cantou a fauna e a flora
Da sua terra querida
A baraúna pendida
O sabiá sem canora
O ébrio que rir e chora
Cantou a vida brejeira
De sua gente altaneira
Fez seu mundo de magia
Foi mestre na poesia
João Batista de Siqueira.

João Batista de Siqueira
Na sua simplicidade
Nunca teve vaidade
Achava isso besteira
Foi brando de tal maneira
Que amigos cativou
Na sua herança deixou
Um legado de beleza
Decantando a natureza
Da terra que tanto amou.

Poeta sem ter estudo
Um gênio por natureza
Seu verso tinha a grandeza
De quem sabia de tudo
Tinha peso e conteúdo
A sua obra era inteira
Na viagem derradeira
Deixou órfão nosso chão
O nosso mestre CANCÃO
João Batista de Siqueira.


É no próximo sábado, a partir do meio dia, no Box Sertanejo, Mercado
da Madalena, Recife-PE. Uma verdadeira legião de poetas, declamadores,
cantadores, apologistas e admiradores da poesia do mestre CANCÃO,
estarão presentes no lançamento de sua obra completa "Palavras ao
Plenilúnio", organizada pelo poeta Lindoaldo Junior.
Se aproxêgue e traga a família, os amigos, visinhos, colegas e pode
se espalhar!
Inf. 81-99752645

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Um poema de Maciel Melo


O filho do cidadão

Se eu não fui o filho exato que quiseste
Nem ao menos o que imaginaste
Fui apenas um pouco o que fizeste
E nesse pouco eu ergui a minha haste
Tantas vezes em que me abraçaste
Eu senti o calor da tua mão
Aquecendo minhas culpas com o perdão
Me beijando mostrando o lado certo
Os atalhos, os caminhos, os desertos
O abismo, a curva, a contramão
Me perdoe se as vezes me permito
Que o acaso penetre em meus momentos
Me envolvendo com loucos sentimentos
Desatando os bridões da minha vida
Volta e meia em becos sem saída
Dou de cara, me deparo com a parede
Nos teus punhos eu armava minha rede
Nos teus braços estendia o meu colchão
Hoje eu sinto a falta de um sermão
Que em seguida me davas um confeito
Aprendi que jamais serei perfeito
Ser seu filho é ser sempre um cidadão.

Só tomando uma na budega do véi pra fazer dessas!
A foto acima é de Xurumba.

sábado, 17 de novembro de 2007

Um poema de Esio Rafael


FRUTOS DA TERRA

As arvores, frutos da Terra
Os mares, frutos da Terra
As serras, frutos da Terra
Os pássaros, frutos da Terra

Os homens? Ah, os homens!
Frutos da terra
Semeiam guerras
Frutos dos homens

As chuvas ácidas
Frutos dos homens
O mau-humor
Fruto dos homens

A morte dos alevinos
A falta do pão sagrado
A saga dos assassinos
As dores do mal amado
Frutos dos homens

A angústia de Graciliano
A nudez castigada de Jabor
A xenofobia dos arianos
O efeito estufa e o calor
FRUTOS DOS HOMENS!

Ésio Rafael.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

CD de Pinto do Monteiro!


O poetamigo José Moura, um filho da cidade da Prata, Cariri paraibano, conviveu, por longo tempo, com os maiores mestres da cantoria. De sua convivência com Pinto do Monteiro, nasceu o CD “Pinto do Monteiro – Poeta de primeira grandeza” um maravilhoso registro, nunca antes divulgado, deste que é conhecido como “A cascavel do repente”

Eu sou como a cascavel
Que não exceta ninguém
Escondida no caminho
Pega quem vai e quem vem
E quando erra algum bote
Morre da raiva que tem.

O CD contem 07 faixas com participações de Pinto num Congresso de Violeiros em Petrolina, que era organizado por Zé Moura, além de cantorias do mestre com os irmãos Batista, Louro e Otacílio, com o repentista de Sertânia, Gato Preto, com o primeiro faraó do repente, Antônio Marinho e vários outros grandes repentistas.
Para adquirir o CD de Pinto do Monteiro, é só entrar em contato pelos fones; 81-99752645 begin_of_the_skype_highlighting              81-99752645      end_of_the_skype_highlighting , pelo e-mail poetajorgefilo@gmail.com. o CD custa 25 reais + custo de envio. Mandamos para qualquer lugar do mundo, desde que os correios cheguem lá.

A foto acima é de Paulo Carvalho.

A imagem da semana!


Eu vi a terra se por
No horizonte da lua.

A arquitetura do mundo
Tem me impressionado
Que até fico assustado
Nesse universo fecundo
As vezes por um segundo
A minha mente flutua
Vendo a casa minha e sua
Numa imagem multicor
Eu vi a terra se por
No horizonte da lua.

Eu vi o mundo nascer
Numa grande explosão
Vi surgir na amplidão
Uma luz resplandecer
Vi o sol nos aquecer
Vi sua luz, como atua
A terra que se insinua
No espaço incolor
Eu vi a terra se por
No horizonte da lua.

Jorge Filó
Recife, 14.11.2007

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Uma festa bem merecida!!!


Festa em comemoração ao 4º ano da Passa Disco, que não é só uma loja de Cds, mas um espaço de divulgação e difusão da nossa cultura musical!

Serviço

O que? – 4º aniversario da Passa Disco
Onde? – Shopping Sítio da Trindade (Estrada do encanamento) Recife
Quando? – Dia 20 de novembro
Que horas? – A partir das 19h
ENTRADA FRANCA!!!

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Ze de Cazuza e Manoel Filo


Numa amizade, que surgiu ainda na infância, os poetas, Manoel Filó e Zé de Cazuza, edificaram uma relação de respeito, confiança e poesia sobrando. Criaram, juntos ou separadamente, grandes obras da poética sertaneja universal. Durante muitos anos, foram amigos inseparáveis. Viajaram muito pelo sertão afora, atrás de cantorias, de novos poetas e com isso, alargando também, seu rol de amizades. Durante uma dessas viagens, vinham com destino ao Recife, e para passar o tempo na viagem, cantavam de improviso, de onde saíram estes dois, de tantos, belos versos no tema Depois da morte do dia.
Vale dizer, que os versos, de ambos, foram decorados por Zé de Cazuza, conhecido também, como O gravador humano, por conta da facilidade que tem em arquivar no juízo aquilo que lhe desperta o interesse.

Zé de Cazuza

Nesta hora o peregrino
Muda a marcha do andar
Baixa um profundo pesar
Na alma do assassino
Na igreja um velho sino
Saúda a Virgem Maria
Uma mãe na moradia
Beija uma filha que preza
Num casebre um velho reza
Depois da morte do dia.

Manoel Filó

Numa cerca de aveloz
Depois do sol amparado
O vaga-lume assustado
Fica testando os faróis
Os pescadores de anzóis
Embocam na água fria
Ficam naquela agonia
Se uma piaba belisca
Termina roubando a isca
Depois da morte do dia.

Poetica urbana

Sou um sertanejo, essencialmente urbano. Minha vivencia rural, vem de um bom tempo, ainda na infância, que passei no sitio da minha Tia Maria, período ainda nítido na minha memória. Vivi, e vivo, os dois mundos, sou apaixonado pelo rural e, incondicionalmente, impregnado pelo urbano. A poética de ambas as vivencias, me alimenta a alma em proporções gêmeas. Descrevo aqui dois poemas do universo do verso urbano com os quais me identifico, de dois poeta que li pouco, mas que me impressionaram no pouco que li.

*Política literária

O poeta municipal
Discute com o poeta estadual
Qual deles é capaz de bater o poeta federal.

Enquanto isso
O poeta federal tira ouro do nariz.

"Carlos Drummond de Andrade"

-----------------------------------------------

*Classe média

Um médico
Ótimo na família.

Um engenheiro
Um arquiteto
Um magistrado
Ótimo

Um poeta
Melhor na família dos outros.

"Geraldino Brasil"

Pense numa cantoria de primeira!!!

domingo, 11 de novembro de 2007

Do livro "As curvas do meu caminho"

Fazendo uns improvisos com o poeta Cancão a divina figura da sua idolatria, como poeta e como homem, ele lhe gratifica com a seguinte deixa:

Chove quando o vento passa
Soprando de sul a norte.

Manoel Filó:

Vai soprar um vento forte
Depois que a lua sair
A flor do moleque duro
Na campina vai se abrir
E toda folha madura
Soltar do talo e cair.

Um Santuario da Poesia

Bar do poeta Tadeu Cassiano, em Ouro Velho, Cariri paraibano. Um verdadeiro santuário de poesia!

Esse eu recomendo!


A venda na Passa Disco no chópim Sítio da trindade!

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Do livro "As curvas do meu caminho"

Outra deixa de Zé de Cazuza:

Manoel quer ir embora
Pra reencontrar seu povo.

Manoel Filó:

Namorar em mundo novo
Todas as noites eu ia
Só voltava à madrugada
Quando o sono me tangia
Molhando os pés no orvalho
Das ramas de melancia.


“As curvas do meu caminho” é o livro do poeta Manoel Filó, que transcrevo aqui, em fragmentos, do jeito que ta nele!

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O livro do poeta


O amigo e poeta Lindoaldo Junior, cabôco de Sãoze do Egito, está compilando toda obra do mestre maior da terra da poesia, João Batista de Siqueira “Cancão”. Tive o prazer de conhecer e conviver com Cancão, um homem singular na sua simplicidade e, ao mesmo tempo, grandioso na sua verve de poeta inigualável. Lindoaldo está organizando a antologia do poeta, juntando seus três livros publicados; Musa Sertaneja, Flores do Pajeú e Meu Lugarejo, alem de poemas inéditos extraídos de seus manuscritos. Este soneto, inédito, me foi enviado pelo poeta Lindoaldo.

CREPÚSCULO

O céu se abre num leque de rubor
A luz solar cristaliza o panorama
Se escoa e tremula sobre a rama
Tornando toda a pelúcia multicor

Os horizontes circulam de outra cor
A penumbra parece arder em chama
A última luz no ocaso se derrama
Num quadro mágico, sublime, encantador

O sol, guerreiro que veio do Oriente
Passou o dia lutando ferozmente
Da guerra trouxe seu golpe assinalado

Agoniza agora, e através da tela infinda
Pela grimpa da serra mostra ainda
A metade do rosto ensangüentado

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Essa é boa! TERREMOTO EM MONTEIRO-PB

Depois dos terremotos ocorridos na Ásia, o Governo Brasileiro resolveu instalar um sistema de medição e controle de abalos sísmicos, que cobre todo o país.

O então recém-criado Centro Sísmico Nacional, poucos dias após entrar em funcionamento, já detectou que haveria um grande terremoto no Nordeste do País.

Assim, enviou um telegrama à delegacia de polícia de Monteiro, uma cidadezinha no interior do Estado da Paraíba.

Dizia a mensagem:

"Urgente. Possível movimento sísmico na zona. Muito perigoso. Richter 7. Epicentro a 3 km da cidade. Tomem medidas e informem resultados com urgência."

Somente uma semana depois, o Centro Sísmico recebeu um telegrama que dizia:

"Aqui é da Polícia de Monteiro. Movimento sísmico totalmente desarticulado. Richter tentou se evadir, mas foi abatido a tiros. Desativamos as zonas. Todas as putas estão presas. Epicentro, Epifânio, Epicleison e os outros cinco irmãos estão detidos. Não respondemos antes porque houve um terremoto da porra por aqui."

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Poeta França


Os dose bares de França
Palcos para sua verve
O motor do sangue ferve
Num poema feito dança
No cabelo a negra trança
Na boca um farto sorriso
No bolso parco o juízo
Na mente um herói infante
Eterno poeta errante
Te tornas-te mais preciso.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Recital Unicordel

Nesta sexta-feira, dia 26-10, a partir das 19 horas, o gracejo e a irreverência da poesia popular nordestina voltam a se espalhar no Restaurante Feijão & Cia., com mais uma edição do projeto SEXTA DE VERSOS. O cordel, o repente, a embolada e a poesia matuta se misturam nas declamações dos integrantes da União dos Cordelistas de Pernambuco (Unicordel) e seus convidados. Haverá também exibição do documentário sobre o cordel contemporâneo, produzido pela jornalista e pesquisadora Maria Alice Amorim.

A Unicordel é um movimento que tem o propósito de divulgar e promover a literatura de cordel, visando a despertar a consciência da comunidade para a sua importância como genuína expressão da cultura pernambucana, como instrumento de formação e e informação, além de fonte de prazer e entretenimento. Criada em abril de 2005, a Unicordel ao longo dos seus dois anos de existência vem promovendo recitais, oficinas, palestras e debates nos mais diversos ambientes (restaurantes, bares, mercados públicos, empresas, escolas, faculdades, sindicatos, etc).

O Feijão & Cia fica na Rua São Francisco, nº 60, bairro do Paissandu (Por trás do Hospital Português), servindo petiscos e bebidas diversas (com destaque para a cerveja sempre gelada), com preços bem camarada. Fone: 3231-6293.

----------------------------------------------
Evento: SEXTA DE VERSOS
Data: 26/10//07 (sexta-feira)
Hora: 19 horas
Local: Restaurante Feijão e Cia - Rua S. Francisco, nº 60 - Paissandu (por trás do Hospital Português)
Preço: R$ 3,00
Realização: União dos Cordelistas de Pernambuco-Unicordel
Informação: Altair Leal (3371-5564 / 92587151) - Honório (3441-1326 / 8896-5649) e Gilberto-Feijão&Cia (32316293)

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Momentos da Bienal - Armazem Cultural Cariri Pajeú e Unicordel-PE


Eu, o poeta José Moura, que está lanaçando seu livro de poesia e um CD com cantorias de Pinto do Monteiro, e o poeta Meca Moreno.


Zelito Nunes apresenta Leda Dias no estande Cariri e Pajeú


Isso sim é uma tropa de elite; Arievaldo Viana (poeta do Ceará), Felipe Jr. (poeta de São José do Egito), Marcos Passos (poeta também de Sãoze) Eu mermo (também de lá), Maciel Melo (poeta cantador de Iguaraci, Pajeú) João Badalo (o escalafobético de Monteiro-PB) e Jr. do Bode (poeta de Bodocó-PE)

Jr. do Bode na Bienal


O poeta Jr. do Bode está na VI Bienal do livro de Pernambuco lançando seu primeiro livro “Cuia de poeta cego/ Tem verso de toda cor” Jr. estará todos os dias da Bienal, que acontece no centro de convenções de PE até o dia 14 de outubro, nos estandes da Unicordel-183, e no Armazém Cultural Cariri e Pajeú-177. Compareçam e prestigiem este jovem poeta pernambucano!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Unicordel-PE na Bienal


A Unicordel vai estar com todo gás na VI Bienal do Livro de Pernambuco. Várias atividades serão realizadas no estande 183, tais com; recitais, oficinas de xilogravura, músicas, vídeos, tudo voltado para o universo do cordel. Então! Não deixe de visitar nosso estande!

O estande Cariri e Pajeu na Bienal do Livro de Pernambuco homenageia os poetas sertanejos.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Izabel Goveia, uma poeta sertaneja universal


Versos da poeta de Afogados da Ingazeira, Izabel Goveia (na foto), uma cabôca de 21 anos que faz versos como gente grande. O mote é de Severina Branca, outra poeta pajeuzeira de São Jose do Egito. Duas sertanejas que usam a poesia para expressar o que sentem.

O SILÊNCIO DA NOITE É QUE TEM SIDO
TESTEMUNHA DAS MINHAS AMARGURAS

No cenário desbotado do meu quarto
Pela janela a luz da lua, ilumina
A presença da alma feminina
Com os restos de beijos e abraços,
A camisa esquecida deixa os traços
Da lembrança que passa desprezada,
Um pedaço de coisa já passada
Do amante que ha muito tem partido,
O silêncio da noite é que tem sido
Testemunha das minhas amarguras

Pelas ruas eu já perambulei
Procurando a resposta da tristeza,
Mais o que encontrei foi a frieza
Da verdade esmagando um sentimento,
Enrolei-me no lençol do sofrimento
Só por causa da tua ingratidão,
Mais se hoje implorasse o meu perdão
Eu chorando aceitava o teu pedido,
O silêncio da noite é que tem sido
Testemunha das minhas amarguras

Sou agora uma amante esquecida
Parecendo um cadáver sem ter dono,
Minha alma já entregue ao abandono
Esqueceu-se do meu corpo e foi embora,
Mais a dor que meu peito tem agora
Só me lembra aquele que partiu,
Sem nenhuma piedade me feriu
Fazendo-me perder todo o sentido,
O silêncio da noite é que tem sido
Testemunha das minhas amarguras

Sou um vulto açoitado pela noite
Solidão que habita a madrugada,
Um mendigo deitado na calçada
Com os olhos de quem não tem comida,
Sou saudade de coisa já perdida
Só um feto doado ao abandono,
Sou um cão que se perdeu do dono
Sou as rugas de um velho esquecido,
O silêncio da noite é que tem sido
Testemunha das minhas amarguras.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Pajeu e Cariri na Bienal!

Ói Chico ai de novo!

Chico Pedrosa é a efervescência da poesia em pessoa, seja no ritmo acelerado com que produz suas poesias, ou no vexame em nos presentear com elas tornando-as públicas.
Na próxima quarta, dia 03 de outubro, o poeta vai estar na loja de Cds Passa Disco, o melhor lugar, em Recife, pra quem gosta de musica boa, lançando seu mais novo CD “Raízes do chão caboclo” com poemas inéditos. Chico, a bem pouco tempo, lançou sua antologia poética num livro chamado “Sertão caboclo”, editado pela Bagaço.
Com certeza este CD deve ser mais uma peça indispensável para quem gosta de poesia, essencialmente, pura e de rara beleza.

Serviço

O quê? Lançamento CD “Raízes do chão caboclo”
Chico Pedrosa
Onde? Passa Disco (Shopping Sitio da Trindade)
Quando? Quarta-feira, dia 03 de outubro
Que horas? A partir da 19h

Com certeza vai juntar um mói de gente boa!

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Sonetos de Daniel Fiuza

Daniel Fiúza Pequeno, ou simplesmente, poeta Daniel Fiúza, é natural de Caucáia-CE, e reside em São Paulo a mais de trinta anos. É poeta, cordelista e artista plástico, e autor dessas obras primas que aqui transcrevo. São cinco sonetos sem cada uma das vogais, soneto sem “A”, sem “E”, e assim por diante, e mais um soneto sem verbo. Verdadeiras obras primas da criatividade e da amplitude do fazer poético.
Eis os alvitres.


Soneto sem “A”
O grito mudo

Pensei como crédulo o oficio
Nesse firme propósito selei
Os meus tolos versos no comício
O retorno foi sonho que sonhei.

Vergonhoso gesto estrupício
No mister vivido que serei
Bebendo veneno é meu vicio
Mudez do destino sofrerei.

Num escuro tenebroso grito
Por onde o eco se perde inócuo
Ser um ser feliz sonoro imito.

Vendo velhos deuses que invoco
O meu próprio viver irrito
No dolo desespero que enfoco.

Soneto sem “E”
Sorumbático

Clamo por paz na vida ao divino
Por não mais suportar o ardor da dor
Afligindo o corpo só arruíno
Intranqüilo sigo parvo amador.

Faca afiada corta o sonho fino
No ridículo ato frio faz impor
Na vida atribuindo o próprio tino
Da rubra rosa tira toda à cor.

O ódio incrustado no vil motim
No ritual danoso ali sofria
Chorando sua dúvida via o fim.

Sorumbático, mais nada valia!
Nunca confiava no mundo assim
No infortúnio chora o dia-a-dia.

Soneto sem “I”
Emoção

Desejo o meu amor leal e seguro
Agregado nas lavas dum vulcão
Magno sabor lança o corpo puro
Transbordando de afagos e emoção.

Fartando toda a sede, eu aventuro!
Com rosas perfumando o coração
A sensação avança meu futuro
Para o prazer fazendo a sedução.

Somente vejo o pouco que espero
Raras vezes que o presente seduz
São perguntas, sensações que quero.

É tanto amor no espaço que reluz
Nessa verdade, arguto me esmero!
Arrebatado ao âmago me conduz.

Soneto sem “O”
Mulher amada e amante

Ter uma mulher para amar na vida
E padecer para tê-la amante
Sentir na pele à pétala querida
A sua pedra rara mais galante.

Prazeres de abelha em margarida
Néctar na minha língua arfante
Fêmea amada, paladar sentida!
Eterniza-se em mim tal diamante.

E se deuses querem ajudar
Esse casal feliz fecha algemas
Na sua sensualidade a desejar.

Lascívia peregrina seus temas
A linda fêmea ávida, quer seu par!
Para Brilhar em si aquelas Gemas.

Soneto sem “U”
Real valor

Ter real valor na efêmera vida
Diante das coisas passageiras
O pior da rosa fica escondida
Sangra nos espinhos das roseiras.

Nessa indiferença abre à ferida
Jorrando lágrimas carpideiras
Choro nessa perda indefinida,
Manchando falas derradeiras.

Ainda acredito na vida e no amor
E na dedicação entre as pessoas,
Mesmo sem paz e sentindo amargor.

Desesperançado das coisas boas
Afeiçoando-me com essa dor
Vivendo tristemente faço loas

Soneto sem verbo
Corpo de néon

Os néons, cores fosforescentes
Corpos lindos nas folhas de prata
Ouros pragmáticos aparentes
Futuro da vida, à verde mata.

Pesos apocalípticos conscientes
Cabeça inoxidável e grata
Nos grandes amores dissidentes
Na mulher à graça duma gata.

Tantas madrugadas famintas
Na cabeça lindos pensamentos
Olhos do homem, setas sucintas.

Em todas carências congênitas
Do amor, em simplórios sofrimentos!
Esperanças das fomes finitas.

domingo, 23 de setembro de 2007

Do livro "As curvas do meu caminho"

Passando pela ponte Princesa Isabel em Recife, em um veículo, dirigido por Manoel, Jó Patriota avista uma bela jovem que por ali caminhava e disse:

Mulher do rosto comprido
Trajada em seda amarela

E Manoel deu esse desfecho:

Dá mais beleza ao vestido
Do que o vestido a ela.

Mais uma de Esio


O poeta Ésio Rafael, grande pesquisador da cultura do repente, publica no site Interpoética (você pode acessar o site na barra ao lado em Meus favoritos), dos amigos Cida e Sennor, uma belíssima matéria sobre o poeta do lirismo Jó Patriota. No caso de Jó, não trata-se apenas de pesquisa, e sim, de vivencia, Ésio e Jó, foram grandes amigos de rodas de glosa e farras homéricas, tanto em São Jose do Egito – terra de Jó – quanto em Recife, quando vinha, periodicamente, visitar os amigos. Não deixe de passar no Interpoética para deliciar-se com mais este belo texto do poeta Ésio Rafael.
A foto é de Assis Lima

Um poema exuberante

DRAMA DE ANGÉLICA
(Alvarenga, M. G. Barreto e Arlequim)

Ouvi meu cântico
Quase sem ritmo
Que a voz de um tísico
Magro esquelético.
Poesia épica,
Em forma esdrúxula
Feita sem métrica,
Com rima rápida.
Amei Angélica,
Mulher anêmica
De cores pálidas
E gestos tímidos
Era maligna
E tinha ímpetos
De fazer cócegas
No meu esôfago.
Em noite frígida,
Fomos ao Lírico
Ouvir o músico
Pianista célebre.
Soprava o zéfiro,
Ventinho úmido
Então Angélica
Ficou asmática.
Fomos ao médico
De muita clínica
Com muita prática
E preço módico
Depois do inquérito,
Descobre o clínico
O mal atávico,
Mal sifilítico.
Mandou-me célere,
Comprar noz vômica
E ácido cítrico
Para o seu fígado.
O farmacêutico ,
Mocinho estúpido,
Errou na fórmula,
Fez de propósito.
Não tendo escrúpulo,
Deu-me sem rótulo
Ácido fênico
E ácido prússico.
Corri mui lépido,
Mais de um quilômetro
Num bonde elétrico
De força múltipla.
O dia cálido
Deixou-me tépido.
Achei Angélica
Já toda trêmula
A terapêutica,
Dose alopática,
Lhe dei em xícara
De ferro ágata.

Tomou de um fôlego,
Triste e bucólica,
Esta estrambólica,
Droga fatídica.
Caiu no esôfago
Deixou-a lívida,
Dando-lhe cólica
E morte-trágica.
O pai de Angélica
Chefe do tráfego,
Homem carnívoro,
Ficou perplexo.
Por ser estrábico
Usava óculos:
Um vidro côncavo,
Outro convexo.
Morreu Angélica
De um modo lúgubre..
Moléstia crônica
Levou-a ao túmulo.
Foi feita a autópsia
Todos os médicos
Foram unânimes
No diagnóstico.
Fiz-lhe um sarcófago,
Assaz artístico
Toso de mármore,
Da cor do ébano.
E sobre o túmulo
Uma estatística,
Coisa metódica
Como Os Lusíadas.
E numa lápide,
Paralelepípedo,
Pus esse dístico
Terno e simbólico:
"Cá jas Angélica,
moça hiperbólica
beleza helênica,
morreu de cólica!"

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Do livro "As curvas do meu caminho"

Cantando com Jó Patriota na cidade de Paulo Afonso no ano de 1977. Jó termina uma estrofe com a seguinte deixa:

Quem aceita humildade
No seu canto é mais feliz.

Manoel Filó:

Eu fui ao sul do país
Não tive acesso à fartura
Voltei como um sabiá
Que sua fome só cura
Achando um pé de pimenta
Que a safra esteja madura.

Banda Vates e Violas



Já com seus dez anos de existência, seu três trabalhos gravados, o méis recente “Tudo qué bom, presta!”, aclamado pela critica, e uma historia musical e poética, de origem sertaneja e agora cosmopolita, a banda Vates e Violas prepara-se para seu quarto trabalho gravado, o CD “Quem não viaja, fica!”. Com lançamento previsto para breve!

A banda tem, basicamente, a mesma formação, oito músicos, de quando deu seus primeiros passos. A frente da banda estão os irmãos poetas e músicos, Miguel Marcondes e Luis Homero.

Filhos do Cariri paraibano, mas radicados no Recife, Miguel e Luis, são donos de uma poética toda própria, singular. Suas musicas passeiam por vários gêneros da nossa música. São xotes, regaes, baiões, baladas, melodias, assimetricamente aliadas, a uma poesia de encher os ouvidos dos mais exigentes ouvintes da boa musica.

A banda ao vivo é um show a parte. No palco temos; bateria, percussão, acordeom, baixo, zabumba de barro e violas dissonantes, temos ai, um caldo completo de encher olhos e ouvidos.

A Banda

Miguel Marcondes – Violas e voz
Luis Homero – Zabumba de barro e voz
Xexéu Passarim – Violão e vocais
Afonso Marques – Baixo e vocais
Nido – Acordeom
Cissi – Bateria
Tony Boy – Percussão
André Pernambuco – Percussão

Contatos

Jorge Filó 81 9975-2645 / 81 3338-3117
E-mail vateseviolas@bol.com.br
Site www.vateseviolas.com.br em breve

Box Sertanejo aos sabados

Esta foto foi tirada por Lena Maia, no box Sertanejo no mercado da Madalena. Logo acima da minha cabeça pode-se ver uma homenagem ao poeta Manoel Filó, que autografava seu livro com um carimbo que dizia;

Por diferentes abrigos
Contrariado ando eu
Explorando meus amigos
Vendendo o que Deus me deu.

Como podem ver, tenho uma estreita ligação com o ambiente, uma convivência saudável e enriquecedora. O box Sertanejo, das irmãs Neurides e Nelcita Ferraz, é sem duvida, o mais aconchegante refugio dos cabôcos sertanejos que moram na capital. Um ambiente de festa e poesia, muita poesia. Lá, todos os sábados, a partir do meio-dia, acontece, já a um bom tempo, um despretensioso encontro de poetas, cantores, declamadores e admiradores da arte do verso.

Venha ser bem recebido
Sábados ao meio-dia
Num ambiente festivo
Banhado de alegria
Vá ao box Sertanejo
E sacie o seu desejo
De escutar poesia.

Todos os sábados sem falta.
Sejam todos bem vindos.

Vale dizer também, que o box Sertanejo fica aberto de terça a domingo, onde se vende desde livros, cordéis, Cds, até farinha de milho, doces, arroz da terra, rapadura, passando por cachaças, licores e vários produtos de bode.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Do livro "As curvas do meu caminho"

Mais uma deixa de Heleno Rafael

O sertanejo com fome
Fica sisudo e maluco.

Manoel Filó

A seca do Pernambuco
Entrou pelo Ceará
Tem gente se alimentando
Com a raiz do quipá
E o céu da boca entupido
Com massa de jatobá.

Jessier e Chico, Juntos!


Jessier é a bandeira
Das imagens do sertão
Chico Pedrosa a madeira
Do mastro da criação
Chico tem a emoção
Jessier seu matutês
Com Chico mais de uma vez
Jessier falou pro povo
Mas agora tem de novo
E eu vim chamar vocês.

Habemus Papinha [um enunciado de Berto 1º]

Caros e Caras:

João Berto nasceu hoje, dia 11 de setembro, mesmo dia do aniversário da mãe dele.

Nasceu de parto normal às 10 da manhã, saudável, brabo que só uma capota choca, minando alegria em cada poro e já ciente da pesada herança do papado da Igreja Sertaneja.´

É um belo garoto: puxou ao pai.

O cachimbo será servido oportunamente.

Abraços

Papa Berto I

######################

Como nunca existiu
Eu não sei o que dizer
Onde foi que já se viu
Filho de Papa nascer.

Parabéns Santidade!

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Do livro "As curvas do meu caminho"

Darei início, a partir de agora, a uma série de intervenções do livro do meu pai, Manoel Filó “As curvas do meu caminho”. Pra começar, alguns improvisos do mestre com os amigos e parceiros de cantoria.
Os textos serão copia fiel do livro!


Em viagens rotineiras com o companheiro Heleno Rafael sempre se travava duelos de improvisos. Quando em um dos vários Heleno termina dizendo:

A seca atinge o cerrado
Tostando a vegetação.

Manoel Filó

Nas terras do meu sertão
Quando seca a açudama
A traíra se acomoda
Três, quatro meses na lama
Vivendo à custa do limo
Que conserva na escama.

Chico Pedrosa, merecidamente!!!


É nesta próxima quinta, dia 13 de Setembro, no Pátio de São Pedro, centro do Recife, a grande festa de lançamento do livro “Sertão caboclo - antologia poética”, editora Bagaço, do grande poeta Chico Pedrosa, uma unanimidade entre todos que cultivam o gosto pela poesia. O livro é uma reunião de vários trabalhos já publicados e a nova safra de poemas do mestre Chico, um gênio na contação de causos poéticos.
A festa terá início as 19h, e contará com um time de primeira alternado-se nas apresentações. Presenças confirmadas de; Jessier Quirino, Reinivaldo Pinheiro (o crente), Bia Marinho e filhos (Greg, Antônio e Miguel), Anchieta Dali, Ivan Ferraz, Xico Bizerra e mais uma tuia de gente boa. Num perca nem que dê a gota!!!

Serviço

O quê? Lançamento do livro “Sertão Caboclo”
Autor Chico Pedrosa
Onde? Pátio de São Pedro (centro do Recife)
Quando? Dia 13 de setembro
Que hora? A partir das 19h
ENTRADA DE GRATIS!!!

Como diria o Papa Berto "Um poema da bixiga lixa"

ZÉ MOURA

Diálogo em sonho, com minha irmã Lindalva
após a morte de minha mãe.

Lindalva, mãe acordou?
- Eu nem sei, nem fui olhar.
- Eu também não sei se vou!
Não gosto de incomodar
Que achas, devo acordá-la?
- É melhor ficar na sala
até ela se acordar.
- Será que vai demorar?
- Eu nem sei dizer José,
Sei que lhe servi café
As seis horas da manhã
Com aguardente alemã
Pra controlar a pressão
Pouca coisa ela comeu
Deitou-se e adormeceu
Não fui ao quarto mais não.
Talvez esteja acordada,
Vá lá, e dê uma olhada,
- É melhor mesmo, eu vou ver
Já está ficando tarde
Tenho tanto o que fazer!

Oi mãe, já se acordou?
Dormiu bem? O que sonhou?
- Oi meu filho, que prazer!
Já faz tempo que chegou?
- Mais ou menos uma hora
Não acordei a senhora
Que Lindalva não deixou.
Porque mãe não respondeu
O que eu lhe perguntei?
Será que se esqueceu?
- Não meu filho, estou lembrada
Perguntou se dormi bem
E também o que sonhei
Foi isto? Ou estou errada?
- Não! A senhora está certa
Foi isto que perguntei...
- Não meu filho, eu não sonhei
Não sonho nada porque
Não pertenço mais ao mundo
Estou num sono profundo
Quem está sonhando é você.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Recitata

Neste sábado, dia 18, tivemos a primeira eliminatória da 2ª Recitata Recife, que integra a programação do 5º Festival Recifense de Literatura, no poético mercado de Santa Cruz, na Boa Vista. Um encontro de poetas para festejar a poesia em sua amplitude no sentido lato da palavra. Mais de 40 poetas recitadores de todas as modalidades poéticas que se possa imaginar. Sonetos, galopes, versos livres, cordéis – com presença marcante da Unicordel-PE – com performances, muitas vezes, pra lá de inusitadas.
Em dupla, ou sozinhos, os recitadores iam se alternando no palco montado na área interna do mercado, muitos já conhecidos do publico presente – vale dizer que em grande número – outros, anônimos que deram sua parcela para o brilhantismo da festa da poesia. Cinco concorrentes foram classificados para final que ocorrerá no próximo domingo, dia 26, na praça do Arsenal da Marinha, no Recife antigo. Antes porém, teremos a segunda eliminatória no sábado, dia 25, novamente no mercado de Santa Cruz, Boa Vista.
Os classificados: Mariane Bígio, poeta cordelista, membro da Unicordel, em inicio de produção poética, mas, em rápida ascensão. A moça é um talento e mostrou isso neste sábado; Vanessa ?,devo dizer que não a conhecia até então, nada a declarar; Toninho D’Olinda, esse já bastante conhecido no meio poético recifense, não só por sua poesia, como também por sua performática dança do bebum; Altair Leal, poeta também membro da Unicordel, um cordelista do primeiro time e um bom recitador; por fim, dois poetas empatados, Felipe Jr., Unicordeliano, cabôco pajeuzeiro, um poeta em todas as sua formas, e Jr. Vieira, também poeta popular além de compositor de sucesso, este, classificado no desempate.
Mas sucesso mesmo foi a festa, comandada pelos poetas Cida Pedrosa e Ivan Marinho, dois mestres de cerimônia inigualáveis. E como a música e a poesia andam juntas, tudo terminou num forro de torá rabixo de alpercata. Então é isso, quem perdeu, perdeu, resta o consolo de que sábado que vem, tem mais.
Um abraço a todos e até sábado, dia 25, a partir das 11h (manhã), na 2ª eliminatória da 2ª Recitata Recife, no mercado de Santa Cruz, rua Gervásio Pires, bairro da Boa Vista, Recife-PE-Brasil.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Vates e Violas -- Quem não viaja, fica!





A mensagem do encanto
Que a poesia traz
Desde os Vates e Violas
Passando por vendavais
Fazendo a curva na veia
Dos corações musicais.


Luis Homero


Todo dia aprender mais
Essa é a decisão
Pois na escola da vida
Ninguém é formado não
Quanto mais a gente toca
Mais enriquece o baião.


Miguel Marcondes

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Álbum de família


Essa foto é histórica e retrata um grande momento da família Filó - da parte de pai, claro - ai estamos eu e todos os meus cinco irmãos, por ordem de idade; Paula, Eliane, Léo, Tereza, ai vem eu, e Ciro que é o mais novo, além de minha mãe - esse que ela segura sou eu - e pai que foi quem bateu a foto. Essa foto foi tirada no povoado dos Grossos, em cima de uma pilha de tijolos da casa que meu avô, Cabocô Paulo - hoje com 101 anos - estava construindo lá. Os Grossos fica entre Tuparetama e São José do Egito na entrada para Ouro Velho, já na Paraiba, antes passando por Mundo Novo na divisa dos estados. Minha terra, minha gente! Ôh coisa boa!

quinta-feira, 26 de julho de 2007

2ª Recitata Recife

A prefeitura do Recife abre inscrições para 2ª Recitata, concurso de poesia oral da cidade. As informações e o regulamento estão disponíveis no site INTERPOÉTICA.
Vamos todos participar. Clique aqui!

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Chico Pedrosa

Acabei de ouvir no site INTERPOÉTICA o poeta Chico Pedrosa declamando o poema A briga na procissão. Como sou "inxirido que só carne assada" como brincava o poeta Jó Patriota, já botei pra tocar aqui! Pra quem não conhece Chico declamando, pode se deliciar com a beleza dos versos e da interpretação ímpar deste mago da poesia universal! Clique aqui!