segunda-feira, 7 de junho de 2010

Mais um no reino do céu!!!

Poeta Diniz Vitorino em foto do apologista Urbano Lima
Década de setenta



Morreu ontem pela manhã, em Caruaru, onde morava já alguns anos, o poeta Diniz Vitorino, um dos grandes mestres de uma geração de repentistas históricos. Era de família de poetas, filho de Joaquim Vitorino e irmão do também poeta Lourinaldo Vitorino.

Diniz, que ia completar 70 anos este mês, foi parceiro de nomes clássicos da nossa cantoria de repente, entre eles, é impossível citar todos, estão; Manuel Xudú, os irmãos Batista, Pinto do Monteiro, Jó Patriota, Ivanildo Vilanova, Geraldo Amâncio, Oliveira de Panelas, entre tantos outros.

O mestre Diniz era dono de uma das vozes mais fortes do repente. De uma linhagem de poetas eruditos e letrados, com um vocabulário rebuscado tanto no falar como no modo de cantar de improviso, ou escrevendo seus sonetos.

Uma perda inestimável para nossa poesia.

Segue um poema do mestre e uma seqüência de temas e modalidades de cantoria com o parceiro Otacílio Batista.

AOS CANTADORES
Diniz Vitorino

Ilustres colegas, fiéis andarilhos,
ó amados filhos das musas celestes!
Eu vos enalteço, chorando ou sorrindo,
por tudo de lido que em versos fizestes.

Poetas gigantes, caboclos aedos,
os vossos dez dedos são teclas caipiras,
cavando saudades em mundos de anseios,
tirando gorjeios das bocas das liras.

As vossas violas são harpas sonoras,
cítaras canoras, vestidas de rendas...
pianos matutos, que gemem sonatas,
ferindo as mulatas, no chão das fazendas.

As vossas falanges dedilham baiões,
tocando os bordões, batendo nas primas,
jogando nas nuvens poemas dispersos,
conjunto de versos, colóquios de rimas.

Amantes da lua, poetas legítimos!
Ó filhos dos ritmos, dos cantos selvagens!
As vossas cantigas aos rudes ofendem,
porque não entendem das vossas linguagens.

Cantai, cantadores, fazei vossa festa!
A vida só presta com cantos assim.
Se fordes expulsos por gênios perversos,
cantai vossos versos somente pra mim.


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