segunda-feira, 14 de abril de 2014

Meu amigo Rosalvo...

Esse é o poeta Rosalvo, meu amigo da bodega do seu Artur. O conheci lá e lá fortalecemos nossa amizade. Estive viajando e só soube hoje de seu falecimento, quando li essa, diga-se de passagem, minuscula nota no JC, onde foi redator. Rosalvo era também capaz de poesia, como assim, dizia Luna de todos os poetas.



Há pouco mais de um ano o poeta me entregou este poema, batido em máquina de datilografia, para que eu digitasse e lhe entregasse algumas cópias para presentear os amigos. Disse que não era uma despedida e sim uma constatação. Era um cidadão admirável, um boêmio notável, um poeta instável...

Vá na paz meu amigo...

Quem fui eu

Vivi demais
Amei demais
Sofri demais
Vi demais a face dos homens.
De tudo ficou um pouco
Como a cinza do cigarro no cinzeiro
O que me restou foi apenas a angustia
De ter acolhido em meu afeto
Alguns que só mereciam a minha compaixão.
A morte se aproxima
Não importa a causa
Apenas nasci.
Jamais cortejei ao longo da vida
A efêmera glória dos salões iluminados.
Que o meu canto permaneça
Apenas nas paredes dos botecos da vida.
Nos humildes quartos das mulheres
Perdidas, ou achadas.
Nas apertadas celas dos cárceres
Onde aprendi lições, de solidão.
Fui feliz e infeliz
Mas quando me encontrei
Eu me perdi...
com a lucidez dos loucos
E o precário equilíbrio dos bêbados.
Fui apenas um homem.
reto e Só...

Rosalvo melo.

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