sexta-feira, 30 de abril de 2010

Deu no jornal!!!

Marcha da maconha segue em frente
Sem impedimento // Ministério Público não vai interferir na passeata que está marcada para acontecer no próximo domingo, no Recife


Por enquanto, a 3ª Marcha pela Maconha está confirmada para o próximo domingo, no Recife Antigo. As promotorias de Justiça com atuação junto às Varas de Entorpecentes da Capital não pretendem entrar com representação para impedir a realização da passeata, com saída na Rua do Apolo, nas imediações do Bar do Fogão. Pernambuco segue ainda como um dos estados mais abertos à discussão do tema. Até ontem, o movimento só estava confirmado em nove cidades do país.


Movimento que causa polêmica em todo o país deve acontecer no bairro do Recife Antigo. Foto: 04/05/2008. crédito: Juliana Leitao/DP
Mesmo com o posicionamento do Ministério Público, o secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, disse ontem, durante visita ao presidente dos Diários Associados no Nordeste, Joezil Barros, e ao diretor de Gestão dos Diários Associados na Região, Guilherme Machado, que ainda acredita numa decisão contrária da Justiça estadual para barrar a realização da marcha em Pernambuco.

Embora Wilson Damázio tenha dito, na última terça-feira, que pretendia acionar o Ministério Público para coibir a manifestação por considerá-la uma afronta à lei antidrogas em vigor, as promotorias ligadas à Entorpecentes não viram necessidade de agir nesse sentido. Mas o secretário lembrou ontem que a maconha faz parte de uma cadeia que liga traficantes ao crime organizado e é um dos principais pontos de combate do Pacto pela Vida, programa do governo estadual de redução da violência.

Já o MPPE acredita que a passeata em defesa da regulamentação da droga não implica, necessariamente, em crime. "Não é razoável presumir que a simples realização da marcha estará atrelada à prática de crimes (como apologia e uso de maconha)", diz um trecho da nota do MP enviada à imprensa.

Segundo um dos organizadores do evento no Recife, o professor de história Gilberto Bezerra Borges, representantes do movimento se reuniram ontem com o secretário Wilson Damázio para falar sobre os objetivos da marcha, mas não conseguiram convencê-lo.

"Mostramos que não fazemos incentivo ao uso da droga e que lutamos pela regulamentação, mas ele manteve o posicionamento contrário. De qualquer forma, o encontro foi positivo, porque garantimos que vamos realizar uma passeata de acordo com os limites da legislação", declarou.

Segundo Gilberto Bezerra Borges, a expectativa para a marcha neste ano é reunir cerca de duas mil pessoas, inclusive gente de estados vizinhos, como a Paraíba e Alagoas. Ele vê 2010 como o ano de maior organização do movimento porque não se resumiu apenas à passeata no Recife Antigo. O professor ressaltou que, desde o início do mês, os organizadores já realizaram mostras de filmes, prepararam uma festa com a presença de artistas populares e ainda conseguiram emplacar uma audiência na Câmara de Vereadores do Recife. De quebra - lembrou o professor -, os simpatizantes da causa terão acesso ao 2º livro sobre o tema e podem baixar no site oficial da marcha um CD que fala sobre a erva, esse de forma subliminar.

Apoio - Os membros do Grupo de Estudos sobre Álcool e outras Drogas, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), divulgaram nota de apoio à Marcha da Maconha, que só recebeu autorização para se realizar no Rio de Janeiro, por exemplo, depois de várias batalhas judiciais.

"Esse apoio à manifestação pública de um movimento social favorável ao uso recreativo da maconha não significa, por parte do Gead, alusão ou defesa do uso recreativo de qualquer droga, lícita ou ilícita. Mas sim, um posicionamento contrário à política de guerra a selecionadas drogas, o que demoniza as substâncias, as pessoas e a expressão de suas subjetividades", justifica o Gead.

Para o grupo, a passeata permite o debate do tema de forma democrática, sem ficar restrito a rótulos de certo ou errado. "Manifestamos nosso apoio à realização da marcha por reconhecê-la como movimento político legítimo dos usuários da maconha e simpatizantes da liberação dessa substância", acrescentou.

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