terça-feira, 23 de novembro de 2010

Chco de Dedês no reino encantado!





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Mestre Chico de Dedês
Seu nome de pia era Francisco Bernardo de Menezes, famoso nas regiões do Cariri-PB e Pajeú-PE, como Chico de Dedês, de quem ouvi falar e contar histórias desde que me entendo por gente. Nasceu no sitio Olho d´gua, no município de Ouro Velho, antigo Boi Véi, na Paraíba, em 08 de março de 1930.
Infelizmente veio a falecer nesta segunda, dia 22, na mesma cidade onde nasceu e viveu a vida toda.
Chico pertencia a família Bernardo de Menezes, da qual também sou descendente por parte de pai e mãe, e tenho muito orgulho em ser seu parente com tanta consangüinidade. Meu pai, Manoel Filó, foi grande amigo de Chico e parceiro em noitadas de cantorias, forrós e prosas.
Era um desses sertanejos, de recursos parcos, mas de riqueza de caráter, honestidade, ética e moral, inestimável. Conhecido e reconhecido por todos da região onde passou a vida. Era também característica sua, a prosa, cheia de improviso, presença de espírito e inteligência, em inúmeras tiradas. Um gozador nato.
Tive a honra de conhecer, e conviver, com o Mestre Chico de Dedês – Dedês apelido de sua mãe, que teve vários filhos. Em uma ocasião, ajudava Felizardo Moura, filho do Mestre Zé de Cazuza, na realização de um festival de repentistas na Prata-PB, cidade vizinha e coirmã de Ouro Velho. Estávamos recolhendo objetos antigos para decoração do palco – ferro de passar a brasa, um quadro do Coração de Jesus, bancos de madeira compridos… – quando encontramos Chico na praça de Ouro Velho;
- Chico, tu num tem uns troços antigos pra ajudar a gente não?
- Tem uma conta minha no bar de Cláudio, se quiserem levar!
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O Mestre Zé de Cazuza, o artista imitador Nildim, o Mestre Chico de Dedês e meu pai Manoel Filó, em Ouro Velho
OUTRA HISTÓRIA DE CHICO
Não faz muito tempo, em uma cantoria de viola, em Ouro Velho, os assistentes, empolgados com o desempenho dos mestres do improviso, foram bastante benevolentes em suas contribuições na bandeja – esta usada para paga dos artistas – onde se viam várias cédulas de alto valor para região; 50, 20 e as menores de 10 reais.
Chico, grande admirador dos cantadores, levanta-se do tamborete onde está sentado e se dirigi a bandeira, arrasta duas notas surradas de dois reais, e faz sua paga aos repentistas. De volta a seu assento, é indagado por um conterrâneo;
- Mas Chico, só tinha nota grande na bandeja, tu vai e só bota uma mixaria daquela.
- Pelo menos eu botei tudo que tinha no bolso!
RESPOSTAS LIGEIRAS
Nas veredas;
- Chico, tu viu umas cabeças de bode correndo por ai?
- Se tivesse visto quem tava correndo era eu!
Um conselho
- Chico, meu irmão agora quando bebe sai correndo pru meio do mato. O que é que eu faço?
- Amarra um chocalho nele!
Pagando as contas
- Chico, se tu ganhasse na loteria tu fazia o que?
- Pagava umas contas de bar que eu tenho.
- E com o resto?
- Eu pagava quando ganhasse de novo!
Descansado
Batem na sua porta:
- O que é?
- Uma esmolinha!
- Passe por debaixo da porta!
Esperando a deixa
Admirando o açude novo do patrão;
- E eu ainda vou levantar o paredão dois metros!
- Ai a água vai embora todinha por baixo!
Este era o Mestre Chico de Dedês. Mas um gênio que se despede do mundo terreno!
A benção Mestre!

Um comentário:

ike bernardes menezes disse...

parabens pela omenagem a chico de dedez, ele nos deixou muitas saudades. ike sobrinho de chico