terça-feira, 14 de abril de 2009

São José do Egito ou Itapetim!

O poeta Saulo Passos, agora cutucou de mermo a pendenga maior do Pajeu. Leiam seu artigo, que foi publicado ontem no Diário de Pernambuco. Isso vai dar o que falar!


Qual a capital da poesia: Itapetim ou São José do Egito?

 

Saulo Passos

saulopassos@uol.com.br

 

            Esta indagação, provocada pelo Prof. Jorge Cândido da Unicap, é fruto de sua dúvida sobre a terra natal dos poetas Rogaciano Leite, os irmãos Batista (Louro, Otacílio e Dimas) e Job Patriota – para ficar somente nesses, que figuram no nosso Livro: Itapetim, Ventre Imortal da Poesia - parceria do Dr. Marcos Nunes -, como filhos legítimos de Itapetim e que agora setores da mídia, incentivados por pessoas sem compromisso com a verdade, divulga, sem fonte de pesquisa, esses poetas, como filhos de São José do Egito.

 

            Ninguém tem dúvida de que eles nasceram dentro dos limites de Itapetim, onde também nasceram centenas, como comprova o livro acima referido com dois centos deles. O esbulho cultural em pauta, que não se firma no lugar do natalício, mas num critério injusto e contraditório, tem como objetivo elevar São José do Egito à condição de capital da poesia, uma vez que seus mais famosos poetas – infelizmente, não excedem a meia dúzia -, embora sejam de boa qualidade, são conhecidos apenas na região. Os de Itapetim, com a viola debaixo do braço, viraram celebridades nacionais ou, a exemplo de Rogaciano Leite, extrapolaram fronteiras.

 

Por isso, nada mais fácil do que arrancar dos seios da mãe de tantos poetas, uns três ou quatro filhos famosos, que ela, talvez, disso, nem se desse conta. Assim nasceu a idéia “fantástica” e o seguinte  “critério”: os nascidos em Itapetim, quando distrito de São José do Egito, neste caso, a este pertenciam. Só numa mente atrasada é que se pode conceber tamanho disparate. E, como a ganância é cega, o “critério” genérico terminou por expulsar de casa sua principal figura.

 

O poeta Antonio Marinho, cuja estátua se encontra no centro daquela cidade, como seu poeta maior, em face da “norma”, não é filho de São José do Egito, pois quando ali nasceu em 1887, esta era distrito de Ingazeira. Imagine-se, por outra, este “critério” aplicado à história do Brasil. Nossos árcades: Claudio Manoel da Costa, Tomás Antonio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e até o Aleijadinho seriam portugueses, uma vez que eles nasceram na época do Brasil-Colônia de Portugal; José Bonifácio e o Mártir da Independência, Tiradentes, da mesma forma seriam cidadãos portugueses; e, o Presidente Lula, seria filho de Garanhuns e não de Caetés como é.

 

O vate Manoel Filó, que, erroneamente, figura como de lá, através do mote: São José do Egito ganhou fama/Com os filhos do chão de Itapetim, já advertira do prejuízo que  esta insolência tem causado àquela comunidade por causa dessa implicância sem cabimento, ofensiva e sem nenhuma sustentação plausível.

 

Da mesma forma, o grande cordelista Chico Pedrosa em reprimenda a essa idéia absurda, em tom jocoso, certa vez em Brasília, comparou São José do Egito com Mossoró. “Mossoró – disse ele – não tem um torrão de sal que salgue uma piaba, pois todo o sal vem de Macau e Areia Branca, e desse jeitinho são os poetas de São José do Egito...”.

 

Essa referência, aliás, é unânime nos poetas, que gostam de ver conservado seu amor pelo torrão natal. Vê-se, por fim, que essa conduta se constitui numa falta de respeito àqueles que lutaram pela emancipação e vibraram em sua festa. Por isso, no desejo de reparar o erro histórico - principalmente da mídia -, em reverência à verdade dos fatos e, em especial, à memória de minha avó Elvira, que não tolerava atribuir-se que seu irmão, Rogaciano Leite, pudesse ser de São José do Egito, concluo: Itapetim jamais quis ser capital ou berço de coisa alguma, que o seja São José do Egito, mas que construa seu telhado utilizando-se de suas próprias telhas.

 

Saulo Passos é poeta, engenheiro, matemático e advogado.

4 comentários:

J.L.Sousa disse...

O Poeta Saulo Passos, não foi feliz na reivindicação sobre a origem da poesia no Pajeú. De fato, os maiores mestres da poesia popular do Pajeú nasceram no Distrito de Itapetim (até então não havia emancipado), mas se fizeram poetas reconhecidos em São José do Egito. Outro ponto questionável é afirmar que os poetas de São José "infelizmente, não excedem a meia dúzia",pergunto: O poeta provavelmente não foi ainda a São José do Egito ou pouco ouviu falar de lá! O que dizer de figuras como Antonio Marinho Neto, Greg Marinho, Bia Marinho, Nenen Patriota, Lamartine, Val Patriota, Valdir Teles, os Saudosos Zé Catota e José Rabelo ( Mestre que incentivou a poesia em outras cidades - Arcoverde), etc, etc, etc. A verdade é que o berço imortal da poesia está no Pajéu ... Como diria o poeta Arcoverdence Nóe Lyra "no Pajeú dos Louros". Porém, título de capital da poesia para São José do Egito é mais do que merecido defendido assim por Zé Rabelo ou José de Quitéria de João de Mandu em seu livro "O Reino dos
Cantadores ou São José do Egito, etc, Coisa e Tal". Por mais que se queira tirar de São José o seu título de capital da Poesia a sua
história permite que o faça. É uma referência forte cujos os grandes Faraós do Egito, embora nascidos em Itapetim ou criaram para aquela grande cidadezinha.Salve o terra dos imortais Faraós da poesia.

Jeane Lima

Anônimo disse...

Que São José Do Egito é capital da poesia não resta dúvida , Quando os mesmo nasceram A vila das uburanas ainda pertenciam a Sje. A sociologia estuda que adquirimos a cultura do local em que vivemos,então como foram criados em berço egipciense e adquiriram a nossa cultura.

jucie disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
jucie disse...

Com essa,como bom itapetinense eu comemoro com versos;

POESIÓPOLIS

Nas margens do Pajeú
Floresceu cidade bela
A mais formosa donzela
Das filhas da inspiração.
Sob sua proteção
É o ventre imortal da poesia
Traz em sua galeria
Um jardim de menestréis.
Levados por seus batéis
Nos rios do versejar
Proclamam no seu cantar
Sou filho de Itapetim.
Terra de Pedro Amorim,
Zé Adalberto, Rogaciano
O poeta soberano
Na arte da improvisação.
Dispensa apresentação
Amiraldo Patriota
Se for falar não se esgota
Tem um poeta em cada casa.
Que viajando nas asas
Da mais pura poesia
Fizeram da cantoria
A marca deste lugar.
Nas praças, jardins pelo ar
Poesia fez habitação
E junto com a inspiração
Resolveu ali morar.