quarta-feira, 18 de junho de 2008

Mestres da poesia

Aprendi com Jó, com quem tive uma longa convivência, a apreciar poesia nas suas diversas formas de se apresentar, sem aquela caretice de que poesia só é o que tem rima, métrica, e é advinda dos poetas do repente. Jó era um poeta de todos os tempos. O poema abaixo eu não sei nem o titulo, nem o autor, Mas Jó o imortalizou em minha memória nos recitais que fazíamos nas noites pajeuzeiras, entre goles e versos.

Doutor, estou doente
Doente da boca
Doente dos olhos
Dos nervos até
Doutor, estou doente
Não sinto um prazer
Eu quero um punhado
De estrela madura
E sentir a doçura
Do verbo viver!

Grande mestre Jó Patriota. Suas quadras são quadros de rara beleza.

A dor de mim se aproxima
Eu pra não perder a calma
Passo uma esponja de rima
Nos ferimentos da alma.

O mar que no bojo guarda
Todos os mistérios seus
Inda é um grão me mostarda
Diante os olhos de Deus.


“Jó Patriota de Lima
Cujo nome é meio mote
Viveu do verso e da rima
Que foi o seu grande dote”

Jorge Filó

Foto arquivo Urbano Lima

Um comentário:

mgp disse...

Conheci esse poema em um livro de português, no que no meu tempo se chamava 1ª série do 2° grau. Anônimo, mas com a observação de que havia sido encontrado em um manicômio. É um pouco diferente do da postagem:

Estive doente
doente da boca
doente dos olhos
dos nervos até
da boca que disse poemas em brasa
dos olhos que viram formosas mulheres
dos nervos manchados de fumo e café
Estive doente
estou em repouso
não posso escrever
Eu quero estrelas maduras
eu quero a doçura
do verbo viver.

De tão bonito, fiz questão de decorar.
abraço,