terça-feira, 3 de junho de 2008

Do livro "As curvas do meu caminho"


Em cantorias com o primo irmão Heleno Rafael, Heleno de Tia Mariquinha ou Caicai, como pai costumava chamar, sempre tiveram o tema das coisas do sertão como mote central de suas pelejas. Eis ai uma pequena mostra destes encontros poéticos, sempre com deixas de Heleno.

Conheço a acrobacia
Do noiteiro bacurau.

Manoel Filó

Admiro o Serra-pau
Num galho de aroeira
Sem sebo para o serrote
Trabalhar a vida inteira
Serrando só pelo vício
Sem precisar da madeira.

Outra vez Heleno

O homem fica sem jeito
Na ausência da caseira.

Manoel Filó

Quando falta a companheira
Na vida de um passarinho,
Ele busca um pau bem alto
Para construir seu ninho;
Devido ser menos triste
Para quem mora sozinho.

Mais uma vez Heleno:

Quando a lua já vai perto
De se esconder no poente.

Manoel Filó:

Bonito é vê-se uma enchente
Ao clarão da lua cheia
Se alargando no baixio
Trazendo bancos de areia
Salvando um campo de milho
Que a folha virou correia.

OBS. Na foto acima, estão minhas duas avós – as duas últimas da esquerda pra direita, sendo a primeira, Mãe Tête, mãe de pai, e a derradeira, Vó Mira, mãe de mãe – e a primeira das quatro, é Tia Mariquinha, mãe do poeta Heleno, todas irmãs.

Nenhum comentário: