sexta-feira, 27 de junho de 2008

Mestres da poesia

Pinto e Furiba

Pegando o mote do poeta Pedro Américo, vou falar de “Um par que é ímpar” na cantoria de viola, Pinto do Monteiro e João Furiba. Pinto, a cascavel do repente, Furiba, o gênio matreiro. Os dois foram parceiros de cantorias durante algumas décadas. Acho que nenhum dos dois cantou com mais ninguém, mais do que cantaram um com o outro. São várias as histórias e estórias a respeito desta grande dupla.

Contam que certo dia, Furiba chega em Sertânia-PE, onde morava Pinto, já tarde da noite e sem opção de repouso na cidade. Nestes tempos os dois repentistas estavam afastados por incompatibilidade de gênios, mas Furiba, que sempre foi descarado, foi a procura do “amigo”. Chegou devagar na casa de Pinto e olhando por uma fresta da porta, viu Pinto sentado em frente a uma mesa onde tinham, uma vela acesa e um livro aberto. Pinto, lendo concentrado, sequer percebeu alguém a porta. Furiba então se anuncia.

- Pinto!!!

Reconhecendo a voz, Pinto responde soprando a vela e ficando em total silêncio. Dai pra frente foi inútil Furiba chamar o poeta.

De outra feita, cantavam juntos, em uma das milhares de vezes que isso aconteceu. Pinto, que nunca perdia pra ninguém, comete um deslize, o qual Furiba não perdoa.

Pinto finda uma sextilha dizendo;

...Vou acender minha luz
pra seguir o meu roteiro.

Furiba pega na deixa e castiga;

Olhem Pinto do Monteiro
Caindo nos pés da cruz
Eu sou um analfabeto
Mas agradeço a Jesus
Pois digo muita besteira
Mas não digo acender luz.

Depois dessa, me disse Furiba, pra ele o assunto da cantoria foi esse.

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